quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Pastor Desmente os Boatos Contra Dilma

CARTA ABERTA À NAÇÃO BRASILEIRA

Na condição de Presidente do Conselho Nacional de Pastores do Brasil – CNPB; Presidente Nacional das Assembléias de Deus Ministério de Madureira; de Deputado Federal e homem de Deus compromissado com a verdade, sinto-me no dever de respeitosamente esclarecer:
1) Com relação à boataria cruel e mentirosa que permeia os meios de comunicação, principalmente a internet com intuito irresponsável de difamar e plantar dúvidas concernente à candidatura de Dilma Rousseff, tenho a dizer que em momento algum a afirmação “nem Cristo impede ...”, saiu dos lábios da senhora Dilma Rousseff, sendo portanto, mera ficção e sórdida mentira da parte desses autores.

2) Em reunião no dia 24 de julho próximo passado, na Sede Nacional das Assembléias de Deus no Brasil em Brasilia-DF, na presença de mais de 3.000 (três mil) pastores e líderes de todos os Estados do Brasil e Distrito Federal e, com a participação de 14 denominações evangélicas mais representativas do segmento religioso do país foi firmado um compromisso público de que todos os temas que envolvam conceitos de fé e princípios ético-religiosos serão sempre de iniciativa do poder legislativo – Congresso Nacional – e nunca por iniciativa do poder executivo; sendo esta candidatura a única a se comprometer de forma expressa e pública com estes princípios. Afirmou inclusive a candidata Dilma Rousseff, ser defensora da valorização da vida, da família e dos seus conceitos fundamentais.

3) Portanto, tudo que passar disso é mera invenção e mentira de pessoas descompromissadas com a verdade.

Reitero neste momento a nossa posição de apoio total e irreversível à candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República Federativa do Brasil, com a certeza de que estamos no rumo certo do sucesso, do desenvolvimento, da melhoria de vida das pessoas, da valorização da família, dos princípios éticos cristãos, sendo estes inequivocamente a base para a vitória que todos queremos os quais são defendidos reiteradamente por Dilma Rousseff.

Atenciosamente,
Bispo Doutor Manoel Ferreira

http://www.conamad.com.br/portals/13/cartaanacaobrasileira.pdf

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Por Que Não Ela? Entre Dilma e Marina.

Por Joabe G Cavalcanti
É animador constatar que nestas eleições presidenciais no Brasil nós temos duas mulheres participando como candidatas e com chances reais de vencer as eleições. As duas carregam consigo uma fascinante estória de vida e de trajetórias bem sucedidas.

Marina, candidata pelo Partido Verde (PV), nasceu no Acre em 1958, de pais pobres oriundos do Nordeste. Moradora da floresta, começou ao estudar apenas quando já tinha a idade de 16 anos e em dez anos é graduada em história. Em 1984, junto com Chico Mendes, ajudou a fundar a CUT no Acre e foi eleita vereadora pelo PT em 1988. Deputada estadual em 1990, eleita senadora em 1994 e sendo reeleita em 2002. Conhecida e respeitada pelo movimento ambientalista, em 2003 foi convidada a ser ministra do Meio Ambiente pelo presidente Lula onde trabalhou por seis anos.
Dilma, candidata pelo Partido dos Trabalhadores (PT), nasceu em Belo Horizonte, no ano de 1947. Filha de imigrante búlgaro com uma professora mineira. Aos 16 anos ela já estaria se juntando a organizações clandestinas de esquerda. Em 1970, é presa e torturada por três anos pelo regime militar. Em 1981, ajuda a fundar o PDT do Rio Grande do Sul. Em 1986 é nomeada secretaria da Fazenda de Porto Alegre, assumindo depois a Secretaria Estadual de Minas, Energia e Comunicação do Rio Grande do Sul. Em 1999, filia-se ao PT, e em 2003, é convidada por Lula para ser ministra de Minas e Energia. Em 2005, torna-se ministra chefe da Casa Civil.

São duas mulheres interessantes, íntegras, inteligentes e com uma biografia de compromisso com as causas sociais. Mas com estas duas opções feminas a pergunta para esta eleição é: Por que uma e não a outra? E o objetivo deste texto é explicar a minha opção.

Dilma e Marina, duas mulheres com estórias de engajamento social e político parecidas, que até recentemente fizeram parte do mesmo governo progressista do PT, mas que agora representam projetos distintos. A forma como eu percebo essa distinção é que teoricamente Marina representa um projeto de desenvolvimento guiado pelo movimento ambientalista (desenvolvimento sustentável). Dilma representa um projeto de desenvolvimento guiado pelo movimento de inclusão social (desenvolvimento com distribuição de renda). Pode-se dizer que esses dois projetos não são antagônicos nem tampouco auto-excludentes. Tanto a Marina quanto a Dilma, de forma variada, defendem o desenvolvimento sustentável e o crescimento com inclusão social. A distinção pode ser feita observando o princípio norteador de cada projeto político. Enquanto o projeto da Dilma tem sido apontado como representando a melhoria do capitalismo dando-lhe uma face mais humana e social (capitalismo social), o projeto da Marina tem sido apresentado como um projeto que de economia verde que visa tornar o meio ambiente parte do capital (eco-capitalismo).

A crítica de fundo que deve ser feita é que em primeiro lugar a ideologia de uma economia verde adotada pelo projeto da Marina se implementado beneficiaria as nações afluentes e que estão no topo da hierarquia do capitalismo global. Essas nações estão mais preparadas e são certamente mais competitivas dentro do contexto do capitalismo verde. Na verdade, esses países afluentes conseguiram criar um verdadeiro nicho de mercado ambientalista, e tem usado as tecnologias limpas (verdes) como estratégia para beneficiar os produtos delas e impedir o acesso de produtos de outros países. Além de serem elas próprias produtoras e exportadoras de produtos criados por e para esse novo mercado. O Brasil pode e deve adotar tecnologias limpas mas com o devido cuidado de não cair no jogo de cartas marcadas do mercado global. Essa tecnologia verde deve atender aos objetivos de incluir ainda mais os seres humanos e o habitat deles (o planeta terra). Se para alguns o projeto da Dilma parece privilegiar o ser humano em detrimento do meio ambiente, para outros o projeto da Marina parece privilegiar o meio ambiente em detrimento do ser humano. Na realidade, um não existe sem o outro. Qual seria o sentido do cosmo para os seres humanos se ele se torna inabitável?

Por que não ela!

A forma de interação do ser humano com o meio ambiente deve ser levado em conta por qualquer projeto de desenvolvimento, sem perder de vista que essa relação deve ser negociada pelos atores humanos. Então o estado tem um papel fundamental nisso. E foi nesse aspecto que a Marina falhou enquanto ministra do Meio Ambiente. Infelizmente ela não demonstrou aptidão e paciência para negociar com todos os atores envolvidos. Atores com agendas e interesses conflitantes mas que precisam ser ouvidos e de certa forma atendidos pelos agentes do estado, ou mais precisamente, por quem está no governo. Nisso o presidente Lula se mostrou muito bem sucedido, negociando intensamente com os mais diversos atores. É claro que isso implicou concessões e perdas, mas feitas com o objetivo de avançar de forma mais ampla naquilo que beneficia a todos os brasileiros, a terra Brasil e mesmo outros povos. Isso demonstrou uma visão paciente e de longo alcance do governo Lula.

Porém o Ministério do Meio Ambiente, sob a liderança da Marina, não parecia acompanhar essa mesma dinâmica de dialogicidade com grupos de interesses diferentes. Marina também parece não ter demonstrado grande capacidade de coordenação e articulação dentro da própria pasta dela. Havia muita queixa quanto a lentidão na expedição de licenças ambientais, o que significava o travamento de projetos importantes para o desenvolvimento do país. Por estar presa ao lobby verde ela não conseguia entender a ansiedade dos grupos empresariais e nem mesmo de grupos desenvolvimentistas. Marina renuncia em 2008 expressando frustração, mas com a chegada do geógrafo e ambientalista Carlos Minc, o Ministério do Meio Ambiente adquire uma outra dinâmica e parece realmente avançar onde antes se mostrava emperrado. Isso demonstrou que a causa dos problemas estava na ministra e não no ministério.

Marina continua no PT, onde ela sempre demonstrou se sentir em casa, mas em julho de 2009 representantes do PV a abordam, e em reunião com ela, apresentam uma pesquisa de opinião que mostrava que se fosse candidata a presidente da república ela já começaria com 14% da intenção de votos. Marina cai no canto da sereia. Até mesmo a direita anti-verdista vibra e concede a ela a projeção em revistas e jornais de grande circulação. É evidente que Marina não deixa o PT por questões de divergências ideológicas ou de projeto. Ela deixa o PT para assumir um projeto pessoal em um partido pequeno que precisava de alguém que pudesse fazer o partido crescer nacionalmente. Foi uma cartada inteligente do PV e tem na verdade mostrado resultado. Como candidata do PV, a Marina se apresenta como a candidata da terceira via (ou via media) tentando unir o irreconciliável. Diz que se eleita, ela governará com ambos PSDB e PT, o que demonstra uma certa ingenuidade política de uma pessoa experiente na política brasileira. Ela não perde tempo em afagar e defender o governo do Fernando Henrique Cardoso e de uma forma que nem mesmo o candidato do PSDB faz. Defender o indefensável, no caso aqui FHC, é parte de uma estratégia eleitoral, pois se fosse para o segundo com a Dilma, a Marina sabe que iria contar com o apoio do PSDB.

Na verdade, quando o quadro eleitoral ainda não estava claro, Marina jogava com ambas as possibilidades, ou seja a de disputar um possível segundo turno com Serra ou Dilma. Agora que há uma certa clareza (de acordo com as pesquisas) sobre quem já está no segundo turno, Marina tenta tirar votos de ambos Serra e Dilma para ser a segunda colocada. S echegar a disputar o segundo turno contra Dilma ela formará uma coligação com o DEM e PSDB. Então, se eleita, ela muito provavelmente não governará com o PT.

O fato de Marina agora não fazer parte de coligação alguma mostra a fragilidade da candidatura dela e do risco que será um governo liderado pelo PV. Ela ficará refém dos setores mais atrasados e reacionários da sociedade brasileira. O maior problema será que a agenda verde que ela defende não terá espaço a não ser para ser discutida e continuar como um ideal. E quando ela diz que é positivo não ter coligações pois isso reforça o compromisso dela com o eleitor, isso soa como meramente uma forma de compensar a ausência de uma composição política que dê substância ao projeto político dela. Na verdade, aqui reside uma profunda contradição no discurso da Marina. Os partidos políticos são importantes, e em uma democracia nenhum governante pode prescindir deles. Então não existe isso de compromisso com eleitor sem respeitar ou considerar o mandato dos partidos políticos dados pelo eleitor. Mais, se a Marina teve dificuldades de negociar com setores desenvolvimentistas dentro do governo, como ela conseguirá lidar com os setores que representam os interesses dos ruralistas e das grandes corporações que inevitavelmente, através do PSDB e DEM, farão parte do governo dela? Infelizmente as recentes declarações feitas por ela, como disse o Emir Sader, a fez “cair no colo da direita e cancelam qualquer traço progressista que sua candidatura poderia ter até agora. Quem estiver ainda com ela, está fazendo o jogo da direita golpista, não há mais mal entendidos possíveis” (Revista Carta Maior, 03/09/2010).

Por que Ela!

Enquanto a Marina se enrolava no Ministério do Meio Ambiente, a Dilma continuava crescendo dentro do governo mostrando elevada competência na condução do Ministério das Minas e Energia. Isso se da’ a tal ponto de impressionar o presidente Lula que a convida a assumir o ministério da Casa de Civil. E’ nesse ministério que ela demonstra uma grande capacidade de coordenação dos vários ministérios e projetos, bem como traquejo em negociar com os mais diversos setores da sociedade. Enquanto a Marina ainda ficava na abstração de um ideal verde, a Dilma estava implementando na prática um projeto que significava inclusão social e transformação da realidade material dos diversos estados da República Federativa do Brasil. Assim, Dilma se faz co-responsável com o Lula pelo êxito das políticas públicas que tem mudado a face do país nesses últimos anos.

Dilma se manteve fiel e leal a um projeto de governo, mesmo em face das adversidades, por conta de uma visão de longo alcance onde o projeto mais amplo de transformação social é mais importante do uma candidata que tem competência para coordenar diferentes grupos dentro de um governo, e sabe negociar com aqueles que representam interesses divergentes na sociedade. Dilma tem a experiência de governar com uma coalização política e faz parte de uma coligação que, mesmo contendo elementos conservadores, representa uma aliança progressista. Dilma encarna hoje a esquerda idealista e pragmática que defende um desenvolvimento que significa distribuição de renda, inclusão social, redução da desigualdade, restauração da dignidade dos brasileiros, e um protagonismo do Brasil no cenário internacional.

Eis porque Ela!

Leonardo Boff: Contra o Golpe da Grande Mídia

A Mídia Comercial em Guerra Contra Lula e Dilma
Leonardo Boff*

Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o "silêncio obsequioso" pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o "Brasil Nunca Mais", onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.

Esta história de vida me avalisa fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a midia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de ideias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.

Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando veem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como "famiglia" mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública. São os donos de O Estado de São Paulo, de A Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja, na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e chulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem desse povo. Mais que informar e fornecer material para a discusão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.

Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo respeito devido a mais alta autoridade do país, ao Presidente Lula. Nele veem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.

Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser Presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.

Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma), "a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogresssita, antinacional e não contemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes, nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo -Jeca Tatu-; negou seus direitos; arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação; conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que contiua achando que lhe pertence (p.16)".

Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles têm pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascedente como Lula. Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o Presidente de todos os brasileiros. Isso para eles é simplesmente intolerável.

Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados, de onde vem Lula, e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coroneis e para "fazedores de cabeça" do povo. Quando Lula afirmou que "a opinião pública somos nós", frase tão distorcida por essa midia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da midia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palabra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.

O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceptual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros. De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa de fizeram classe média. Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, em fim, a melhorar de vida.

Outro conceito innovador foi o desenvolvimento com inclusão soicial e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituidas e com salários de fome. Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor. Concedemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas, importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.

O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, ao fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil. Vai ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela VEJA, que faz questão de não ver; protagonista de mudanças sociais não somente com referência à terra, mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.

O que está em jogo neste enfrentamento entre a midia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocoloncial, neoglobalizado e, no fundo, retrógrado e velhista; ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes?

Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das más vontades deste setor endurecido da midia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construido com suor e sangue por tantas gerações de brasileiros.

[Teólogo, filósofo, escritor e representante da Iniciativa Internacional da Carta da Terra].

Fonte: Adital

Pela Mais Ampla Liberdade de Expressão

Pela Mais Ampla Liberdade de Expressão

Documento do Centro de Estudos Barão de Itararé, lido durante o ato que lotou o auditório do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo na noite desta quinta-feira, 23 de setembro:

O ato “contra o golpismo midiático e em defesa da democracia”, proposto e organizado pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, adquiriu uma dimensão inesperada. Alguns veículos da chamada grande imprensa atacaram esta iniciativa de maneira caluniosa e agressiva. Afirmaram que o protesto é “chapa branca”, promovido pelos “partidos governistas” e por centrais sindicais e movimentos sociais “financiados pelo governo Lula”. De maneira torpe e desonesta, estamparam em suas manchetes que o ato é “contra a imprensa”.

Diante destas distorções, que mais uma vez mancham a história da imprensa brasileira, é preciso muita calma e serenidade. Não vamos fazer o jogo daqueles que querem tumultuar as eleições e deslegitimar o voto popular, que querem usar imagens da mídia na campanha de um determinado candidato. Esta eleição define o futuro do país e deveria ser pautada pelo debate dos grandes temas nacionais, pela busca de soluções para os graves problemas sociais. Este não é momento de baixarias e extremismos. Para evitar manipulações, alguns esclarecimentos são necessários:

1. A proposta de fazer o ato no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo teve uma razão simbólica. Neste auditório que homenageia o jornalista Vladimir Herzog, que lutou contra a censura e foi assassinado pela ditadura militar, estão muitos que sempre lutaram pela verdadeira liberdade de expressão, enquanto alguns veículos da “grande imprensa” clamaram pelo golpe, apoiaram a ditadura – que torturou, matou, perseguiu e censurou jornalistas e patriotas – e criaram impérios durante o regime militar. Os inimigos da democracia não estão no auditório Vladimir Herzog. Aqui cabe um elogio e um agradecimento à diretoria do sindicato, que procura manter este local como um espaço democrático, dos que lutam pela verdadeira liberdade de expressão no Brasil.

2. O ato, como já foi dito e repetido – mas, infelizmente, não foi registrado por certos veículos e colunistas –, foi proposto e organizado pelo Centro de Estudos Barão de Itararé, entidade criada em maio passado, que reúne na sua direção, ampla e plural, jornalistas, blogueiros, acadêmicos, veículos progressistas e movimentos sociais que lutam pela democratização da comunicação. Antes mesmo do presidente Lula, no seu legítimo direito, criticar a imprensa “partidarizada” nos comícios de Juiz de Fora e Campinas, o protesto contra o golpismo midiático já estava marcado. Afirmar o contrário, insinuando que o ato foi “orquestrado”, é puro engodo. Tentar atacar um protesto dos que discordam da cobertura da imprensa é tentar, isto sim, censurar e negar o direito à livre manifestação, o que fere a própria Constituição. É um gesto autoritário dos que gostam de criticar, mas não aceitam críticas – que se acham acima do Estado de Direito.

3. Esta visão autoritária, contrária aos próprios princípios liberais, fica explícita quando se tenta desqualificar a participação no ato das centrais sindicais e dos movimentos sociais, acusando-os de serem “ligados ao governo”. Ou será que alguns estão com saudades dos tempos da ditadura, quando os lutadores sociais eram perseguidos e proibidos de se manifestar? O movimento social brasileiro tem elevado sua consciência sobre o papel estratégico da mídia. Ele é vítima constante de ataques, que visam criminalizar e satanizar suas lutas. Greves, passeatas, ocupações de terra e outras formas democráticas de pressão são tratadas como “caso de polícia”, relembrando a Velha República. Nada mais justo que critique os setores golpistas e antipopulares da velha mídia. Ou será que alguns veículos e até candidatos, que repetem o surrado bordão da “república sindical”, querem o retorno da chamada “ditabranda”, com censura, mortos e desaparecidos? O movimento social sabe que a democracia é vital para o avanço de suas lutas e para conquista de seus direitos. Por isso, está aqui! Ele não se intimida mais diante do terrorismo midiático.

4. Por último, é um absurdo total afirmar que este ato é “contra a imprensa” e visa “silenciar” as denúncias de irregularidades nos governos. Só os ingênuos acreditam nestas mentiras. Muitos de nós somos jornalistas e sempre lutamos contra qualquer tipo de censura (do Estado ou dos donos da mídia), sempre defendemos uma imprensa livre (inclusive da truculência de certos chefes de redação). Quem defende golpes e ditaduras, até em tempos recentes, são alguns empresários retrógrados do setor. Quem demite, persegue e censura jornalistas são os mesmos que agora se dizem defensores da “liberdade de imprensa”. Somos contra qualquer tipo de corrupção, que onera os cidadãos, e exigimos apuração rigorosa e punição exemplar dos corruptos e dos corruptores. Mas não somos ingênuos para aceitar um falso moralismo, típico udenismo, que é unilateral no denuncismo, que trata os “amigos da mídia” como santos, que descontextualiza denúncias, que destrói reputações, que desrespeita a própria Constituição, ao insistir na “presunção da culpa”. Não é só o filho da ex-ministra Erenice Guerra que está sob suspeição; outros filhos e filhas, como provou a revista CartaCapital, também mereceriam uma apuração rigorosa e uma cobertura isenta da mídia.

5- Neste ato, não queremos apenas desmascarar o golpismo midiático, o jogo sujo e pesado de um setor da imprensa brasileira. Queremos também contribuir na luta em defesa da democracia. Esta passa, mais do que nunca, pela democratização dos meios de comunicação. Não dá mais para aceitar uma mídia altamente concentrada e perigosamente manipuladora. Ela coloca em risco a própria a democracia. Vários países, inclusive os EUA, adotam medidas para o setor. Não propomos um “controle da mídia”, termo que já foi estigmatizado pelos impérios midiáticos, mas sim que a sociedade possa participar democraticamente na construção de uma comunicação mais democrática e pluralista. Neste sentido, este ato propõe algumas ações concretas:

– Desencadear de imediato uma campanha de solidariedade à revista CartaCapital, que está sendo alvo de investida recente de intimidação. É preciso fortalecer os veículos alternativos no país, que sofrem de inúmeras dificuldades para expressar suas idéias, enquanto os monopólios midiáticos abocanham quase todo o recurso publicitário. Como forma de solidariedade, sugerimos que todos assinemos publicações comprometidas com a democracia e os movimentos sociais, como a Carta Capital, Revista Fórum, Caros Amigos, Retrato do Brasil, Revista do Brasil, jornal Brasil de Fato, jornal Hora do Povo, entre outros; sugerimos também que os movimentos sociais divulguem em seus veículos campanhas massivas de assinaturas destas publicações impressas;

– Solicitar, através de pedidos individuais e coletivos, que a vice-procuradora regional eleitoral, Dra. Sandra Cureau, peça a abertura dos contratos e contas de publicidade de outras empresas de comunicação – Editora Abril, Grupo Folha, Estadão e Organizações Globo –, a exemplo do que fez recentemente com a revista CartaCapital. É urgente uma operação “ficha limpa” na mídia brasileira. Sempre tão preocupadas com o erário público, estas empresas monopolistas não farão qualquer objeção a um pedido da Dra. Sandra Cureau.

– Deflagrar uma campanha nacional em apoio à banda larga, que vise universalizar este direito e melhorar o PNBL recentemente apresentado pelo governo federal. A internet de alta velocidade é um instrumento poderoso de democratização da comunicação, de estimulo à maior diversidade e pluralidade informativas. Ela expressa a verdadeira luta pela “liberdade de expressão” nos dias atuais. Há forte resistência à banda larga para todos, por motivos políticos e econômicos óbvios. Só a pressão social, planejada e intensa, poderá garantir a universalização deste direito humano.

– Apoiar a proposta do jurista Fábio Konder Comparato, encampada pelas entidades do setor e as centrais sindicais, do ingresso de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) por omissão do parlamento na regulamentação dos artigos da Constituição que versam sobre comunicação. Esta é uma justa forma de pressão para exigir que preceitos constitucionais, como o que proíbe o monopólio no setor ou o que estimula a produção independente e regional, deixem de ser letra morta e sejam colocados em prática. Este é um dos caminhos para democratizar a comunicação.

– Redigir um documento, assinado por jornalistas, blogueiros e entidades da sociedade civil, que ajude a esclarecer o que está em jogo nas eleições brasileiras e o papel que a chamada grande imprensa tem jogado neste processo decisivo para o país. Ele deverá ser amplamente divulgado em nossos veículos e será encaminhado à imprensa internacional.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Batistas Repudiam Campanha Político-Religiosa Contra Dilma

ELEIÇOES 2010: PRONUNCIAMENTO DA ALIANÇA DE BATISTAS DO BRASIL

do site da Aliança

A Aliança de Batistas do Brasil vem, por meio deste documento, reafirmar o compromisso histórico dos batistas, em todo o mundo, com a liberdade de consciência em matéria de religião, política e cidadania. A paixão pela liberdade faz com que, como batistas, sejamosum povo marcado pela pluralidade teológica, eclesiológica e ideológica, sem prejuízo de nossa identidade. Dessa forma, ninguém pode se sentir autorizado a falar como “a voz batista”, a menos que isso lhe seja facultado pelos meios burocráticos e democráticos de nossa engrenagem denominacional.

Em nome da liberdade e da pluralidade batistas, portanto, a Aliança de Batistas do Brasil torna pública sua repulsa a toda estratégia político-religiosa de “demonização do Partido dos Trabalhadores do Brasil” (doravante PT). Nesse sentido, a intenção do presente documento é deixar claro à sociedade brasileira duas coisas:

(1) mostrar que tais discursos de demonização do PT não representam o que se poderia conceber como o pensamento dos batistas brasileiros, mas somente um posicionamento muito pontual e situado;

(2) e tornar notório que, como batistas brasileiros, as ideias aqui defendidas são tão batistas quanto as que estão sendo relativizadas.

1. A Aliança de Batistas do Brasil é uma entidade ecumênica e dedicada, entre outras tarefas, ao diálogo constante com irmãos e irmãs de outras tradições cristãs e religiosas. Compreendemos que tal posicionamento não fere nossa identidade.

Do contrário, reafirma-a enquanto membro do Corpo de Cristo, misteriosamente Uno e Diverso. Assim, consideramos vergonhoso que pastores e igrejas batistas histórica e tradicionalmente anticatólicos, além de serem caracterizados por práticas proselitistas frente a irmãos e irmãs de outras tradições religiosas de nosso país, professem no presente momento a participação em coalizões religiosas de composição profundamente suspeita do ponto de vista moral, cujos fins dizem respeito ao destino político do Brasil.

Vigoraria aí o princípio apontado por Rubem Alves (1987, p. 27-28) de que “em tempos difíceis os inimigos fazem as pazes”? Com o exposto, desejamos fazer notória a separação entre os interesses ideológicos de tais coalizões e os valores radicados no Evangelho. Por não representarem a prática cotidiana de grande fração de pastores e igrejas batistas brasileiras, tais coalizões deixam claro sua intenção e seu fundo ideológico, porém, bem pouco evangélico. Logrado o êxito buscado, as igrejas e os pastores batistas comprometidos com as coalizões “antipetistas” dariam continuidade à prática ecumênica e ao diálogo fraterno com a Igreja Católica, assim como com as demais denominações evangélicas e tradições religiosas brasileiras? Ou logrado o êxito perseguido, tais igrejas e pastores retornariam à postura de gueto e proselitismo que lhes marcam histórica e tradicionalmente?

2. Como entidade preocupada e atuante em face da injustiça social que campeia em nosso país desde seu “descobrimento”, a Aliança de Batistas do Brasil sente-se na obrigação de contradizer o discurso que atribui ao PT a emergente “legalização da iniquidade”. Consideramos muito estranho que discursos como esse tenham aparecido somente agora, 30 anos depois de posicionamentos silenciosos e marcados por uma profunda e vergonhosa omissão diante da opressão e da violência a liberdades civis, sobretudo durante a ditadura militar (1964-1985). Estranhamos ainda que tais discursos se irmanem com grupos e figuras do universo político-evangélico maculadas pelo dinheiro na cueca em Brasília, além da fatídica oração ao “Senhor” (Mamon?).

Estranhamos ainda que tais discursos não denunciem a fome, o acúmulo de riqueza e de terras no Brasil (cf. Isaías 5,8), a pedofilia no meio católico e entre pastores protestantes, como iniquidades há tempos institucionalizadas entre nós.

Estranhamos ainda que tais discursos somente agora notem a possibilidade da legalização da iniquidade nas instituições governamentais, e faça vistas grossas para a fatídica política neoliberal de FHC, além da compra do congresso para aprovar a reeleição. Estranhamos que tais discursos não considerem nossos códigos penal e tributário como iniquidades institucionalizadas. Os exemplos de como a iniquidade está radicalmente institucionalizada entre nós são tantos que seriam extenuantes. Certamente para quem se domesticou a ver nas injustiças sociais de nosso Brasil um fato “natural”, ou mesmo como a “vontade de Deus”, nada do mencionado antes parece ser iníquo. Infelizmente!

3. Como entidade identificada com o rigor da crítica e da autocrítica, desejamos expressar nosso descontentamento com a manipulação de imagens e de informações retalhadas, organizadas como apelo emocional e ideológico que mais falseia a realidade do que a apreende ou a esclarece. Textos, vídeos, e outros recursos de comunicação de massa, devem ser criteriosamente avaliados.

Os discursos difamatórios tais como os que se dirigem agora contra o PT quase sempre se caracterizam por exemplos isolados recortados da realidade.

Quase sempre, tais exemplos não são representativos da totalidade dos grupos e das ideologias envolvidas. Dito de forma simples: uma das armas prediletas da difamação é a manipulação, que se dá quase sempre pelo uso de falas e declarações retiradas do contexto maior de onde foram emitidas. Em lugar de estratégias como essas, que consideramos como atentados à ética e à inteligência das pessoas, gostaríamos de instigar aos pastores, igrejas, demais grupos eclesiásticos e civis, o debate franco e aberto, marcado pelo respeito e pela honestidade, mesmo que resultem em divergências de pensamento entre os participantes.

4. A Aliança de Batistas de Brasil é uma entidade identificada com a promoção e a defesa da vida para toda a sociedade humana e para o planeta. Mas consideramos também que é um perigo quando o discurso de defesa da vida toma carona em rancores de ordem política e ideológica.

Consideramos, além disso, como uma conquista inegociável a laicidade de nosso estado. Por isso, desconfiamos de todo discurso e de todo projeto que visa (re)unir certas visões religiosas com as leis que regem nossa sociedade. A laicidade do estado, enquanto conquista histórica, deve permanecer como meio de evitar que certas influências religiosas usurpem o privilégio perante o estado, e promova assim a segregação de confissões religiosas diferentes. É mister recordar uma afirmação de um dos grandes referenciais teológicos entre os batistas brasileiros, atualmente esquecido: “Os batistas crêem na liberdade religiosa para si próprios. Mas eles crêem também na igualdade de todos os homens. Para eles, isso não é um direito; é uma paixão. Embora não tenhamos nenhuma simpatia pelo ateísmo, agnosticismo ou materialismo, nós defendemos a liberdade do ateu, do agnóstico e do materialista em suas convicções religiosas ou não-religiosas” (E. E. Mullins, citado por W. Shurden).

Nossa posição está assentada na convicção de que o Evangelho, numa dada sociedade, não deve se garantir por meio das leis, mas por meio da influência da vida nova em Jesus Cristo. Não reza a maior parte das Histórias Eclesiásticas a convicção de que a derrota do Cristianismo consistiu justamente em seu irmanamento com o Império Romano? Impor a influência de nossa fé por meio das leis do Estado não é afirmar a fraqueza e a insuficiência do Evangelho como “poder de Deus para a salvação de todo o que crê”? No mais, em regimes democráticos como o Estado brasileiro, existem mecanismos de participação política e popular cuja finalidade é a construção de uma estrutura governamental cada vez mais participativa. Foi-se o tempo em que nossa participação política estava confinada à representatividade daqueles em quem votamos.

5. A Aliança de Batistas do Brasil se posiciona contra a demonização do PT, levando em consideração também que tal processo nega o legado histórico do Partido dos Trabalhadores na construção de um projeto político nascido nas bases populares e identificado com a inclusão e a justiça social. Os que afirmam o nascimento de um “império da iniquidade”, com uma possível vitória do PT nas atuais eleições, “esquecem” o fundamental papel deste partido em projetos que trouxeram mais justiça para a nação brasileira, como, por exemplo: na reorganização dos movimentos trabalhistas, ainda no período da ditadura militar, visando torná-los independentes da tutela do Estado; na implantação e fortalecimento do movimento agrário-ecológico dos seringueiros do Acre pela instalação de reservas extrativistas na Amazônia, dirigido, na década de 1980, por Chico Mendes; nas ações em favor da democracia, lutando contra a ditadura militar e utilizando, em sua própria organização, métodos democráticos, rompendo com o velho “peleguismo” e com a burocracia sindical dos tempos varguistas; nas propostas e lutas em favor da Reforma Agrária ao lado de movimentos de trabalhadores rurais, sobretudo o MST; no apoio às lutas pelos direitos das crianças, adolescentes, jovens, mulheres, homossexuais, negros e indígenas; e na elaboração de estratégias, posteriormente transformadas em programas, de combate à fome e à miséria. Atualmente, na reta final do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, vemos que muita coisa desse projeto político nascido nas bases populares foi aplicado. O governo Lula caminha para seu encerramento apresentando um histórico de significativas mudanças no Brasil: diminuição do índice de desemprego, ampliação dos investimentos e oportunidades para a agricultura familiar, aumento do salário mínimo, liquidação das dívidas com o FMI, fim do ciclo de privatização de empresas estatais, redução da pobreza e miséria, melhor distribuição de renda, maior acesso à alimentação e à educação, diminuição do trabalho escravo, redução da taxa de desmatamento etc. É verdade que ainda há muito a se avançar em várias áreas vitais do Brasil, mas não há como negar que o atual governo do PT na Presidência da República tem favorecido a garantia dos direitos humanos da população brasileira, o que, com certeza, não aconteceria num “império de iniquidade”.

Está ficando cada vez mais claro que os pregadores que anunciam dos seus púpitos o início de uma suposta amplitude do mal, numa continuidade do PT no Executivo Federal, são os que estão com saudade do Brasil ajoelhado diante do capital estrangeiro, produzindo e gerenciando miséria, matando trabalhadores rurais, favorecendo os latifundiários, tratando aposentados como vagabundos, humilhando os desempregados e propondo o fim da história.

Enfim, a Aliança de Batistas do Brasil vem a público levantar o seu protesto contra o processo apelatório e discriminador que nos últimos dias tem associado o Partido dos Trabalhadores às forças da iniquidade. Lamentamos, sobretudo, a participação de líderes e igrejas cristãs nesses discursos e atitudes que lembram muito a preparação das fogueiras da inquisição.

Maceió, 10 de setembro de 2010

Pastora Odja Barros Santos – Presidente

Pastores/as batistas membros da Aliança

Pr. Joel Zeferino _ Igreja Batista Nazaré – Salvador-BA

Pr. Wellington Santos – Igreja Batista do Pinheiro – Maceió-AL

Pr. Paulo César – Igreja Batista Bultrins – Olinda –PE

Pr. Paulo Nascimento – Igreja Batista da Forene – Maceió-AL

Pr. Reginaldo José da Silva – Igreja Batista da Cidade evangélica dos órfãos – Bonança-PE

Pr. Waldir Martins Barbosa – Ig. Batista Esperança

Pr. Silvan dos Santos – Igreja Batista Pinheiros – São Lourenço da Mata- PE

Pr. Marcos Monteiro – Comunidade de Jesus – Feira de Santana – BA

Pr. João Carlos Silva de Araujo – Primeira Igreja Batista do Recreio

Pra. Marinilza dos Santos – Igreja Batista Pinheiros – São Lourenço da Mata- PE

Pr. Adriano Trajano – Chã Preta – AL

Pr. Pedro Virgilio da Silva Filho – Serrinha BA

Pr. Gilmar de Araújo Duarte – PIB Brás de Pina – RJ

Pr. Alessandro Rodrigues Rocha – SIB Petrópolis, Petrópolis RJ

Pr. Nilo Tavares Silva – Igreja:Batista em Praça do Carmo, Rio de Janeiro RJ

Pr.Luis Nascimento – Princeton, NJ – USA

Pr.Raimundo Barreto – USA

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Diga Não A Iniquidade de Certos Pastores

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o tornais duas vezes mais filho do inferno do que vós. (Mateus 23.15)”

São palavras fortes de Jesus, não são? Mas permita-me contar algo que ocorreu há alguns anos atrás. Em 2002 em plena campanha presidencial, meu sobrinho, na época ele era uma criança, volta da igreja furioso com o candidato Lula. E eu pergunto por que? Ele me diz que Lula iria fechar as igrejas, que Lula tinha um projeto que impediria que as pessoas se convertesse, que iria proibir a evangelização. Isso dentre outras acusacoes absurdas. Eu perguntei ao meu sobrinho, como assim, quem falou isso? E ele responde, foi o meu pastor e meu pastor não iria mentir não!

É importante ressaltar aqui que a igreja que ele fazia parte não era nenhuma seita de fundo de quintal, e o pastor dessa igreja era uma pessoa que tem diploma em teologia, portanto não era alguém sem formação ministerial. Todavia é evidente que o pastor estava mentindo, e o pior estava levando o rebanho que ele cuidava a mentir também. Aqui nós poderíamos questionar se o pastor também não era uma vítima que mentia sem intenção, mas pastores não podem se dar ao luxo de divulgar acusações graves e sérias contra outras pessoas sem ter averiguado a verdade dos fatos. Se não quer se dar ao trabalho de pesquisar melhor antes de assassinar a reputação de pessoas públicas então que se cale. Eu lembro que naquele período meu sobrinho aparentava então ter ódio de morte do Lula. O pior é que não era apenas ele, muitas pessoas foram levadas a brigar com amigos e familiares porque o pastor estava levantando um “exército” dentro da igreja contra a ameaça que Lula representava para ele.

Quem não lembra do artigo escrito pelo Pastor Eneias Tognini, então Presidente da Convenção Baptista Nacional, e que foi publicado na Revista de Escola Bíblica Dominical para todo o pais em Julho 1990. No artigo ele defendia que Deus havia livrado o Brasil do poder do diabo ao conceder a vitória a Collor contra Lula. Os evangélicos haviam orado e Deus concedeu esse grande livramento ao povo brasileiro. E ele conclamava então o povo evangélico a se unir em oração pelo presidente Collor que seria como um Josué “empenhado na dura peleja contra Amaleque da corrupção, do roubo, das injustiças... e nós, os Soldados da Cruz estaremos como Moisés, com as mãos erguidas para o céu, sustentando o governo para que, na liberdade do Espírito Santo, branda a sua espada contra tudo o que é do Diabo.”

Todos nós sabemos o que significou o governo Collor, e todos nós sabemos também agora o que tem sido o governo Lula! Aqueles líderes cristãos que disseminaram mentira sobre o Lula deveriam estar agora pedindo perdão a Deus, a Lula e aos cristãos brasileiros. Mas para isso eles teriam que ter humildade...

Porém, recentemente, surgiu um vídeo circulando na internet cujo titulo é “Diga Não A Iniquidade”. O pastor Paschoal Piragine está pregando para igreja sobre a iniquidade. Um vídeo é mostrado, onde uma voz melosa e com som piedoso narra os “fatos” que demonstram a institucionalização da iniquidade no Brasil. Diz que a “lei da mordaça” vai criminalizar os cristãos que não concordarem com a prática do homossexualismo. Falso! O projeto de lei que trata de homofobia como crime em lugar nenhum que diz é crime chamar de pecado a prática do homossexualismo. Você pode conferir isso pois o projeto de lei nº 5.003 é de público acesso e está na internet.

Eles falam que a pornografia tem imunidade tributária levando o desavisado a pensar que isso foi introduzido recentemente no governo do PT. A imunidade tributária que inclui publicacoes pornográficas está na na Constituição de 1988. Na verdade, e isso não é mencionado pelo pastor nem pela narradora do vídeo, está tramitando no Congresso Nacional o Projeto de Emenda Constitucional n.º 265/08, de autoria do Deputado Federal Henrique Afonso do PT-AC, que visa retirar a imunidade tributária, relativa a impostos, de publicações consideradas pornográficas.

O pior é o que de modo irresponsável e inconsequente menciona a pedofilia colocando-a no mesmo bojo com os outros temas. Como se fosse algo defendido pelo PT ou pelo governo atual. E dizem que a família enfraqueceu, como se isso fosse culpa do PT. E continuam “querem que a entidade familiar seja apenas aquilo que for considerada uma união estável entre duas pessoas.” Mas eles não apontam quem está por trás do “querem”? E afirmam, “e querem instituir o divórcio de fato!” Como assim? O divórcio agora é culpa do PT? Será que eles pensam que não sabemos a lei do divórcio no Brasil foi promulgada em 1977 e regulamentada pela constituição de 1988? Mas que manipulação falseadora de dados é essa, minha gente? Isso sim, é iniquidade! Esse tipo de manipulação da verdade me faz lembrar o Nazismo de Adolf Hitler. Essa ção uma tática propagandista digna do III Reich.

Passam então a familiar sobre a violência familiar. Mas o governo do PT foi o que mais fez para coibir a violência familiar. Agora eu pergunto quando foi a ultima ou vez que você ouviu falar na sua igreja que violência doméstica é iniquidade? Que bater na mulher é pecado? Quando foi que você ouviu falar de membro de igreja ser disciplinado porque bateu na mulher? E de vez em quando aparece casos de pastores acusados de praticarem violência doméstica. Mas você já ouviu falar de pastor perdendo o cargo porque bateu na esposa?

A narradora diz que existe uma emenda que descriminaliza o aborto e autoriza a prática até o nono mês de gestação. Falso! O projeto de emenda constitucional fala de descriminalizar a gestante que provocar o aborto até 12 semanas de gravidez, ou seja, 3 meses de gestação, e não até o nono mês como diz o vídeo. A intenção do projeto não visa legalizar o infanticídio ou tornar o aborto legal, mas descriminalizar a gestante. E não é preciso ser contra ou a favor desse projeto para perceber que mais uma vez o vídeo falta com a verdade. O cristão nao deve mentir para dizer que é contra o aborto.

Depois de mostrar o vídeo o Pastor Paschoal diz em nome da legalização da iniquidade e ai ele apresenta o PT como tendo fechado questão sobre estas questões. E diz que deputados ou senadores do PT que não votarem de acordo com essas questões serão expulsos do partido. O Partido dos Trabalhadores (PT) tem em seus quadros membros das mais diversas denominações cristãs brasileiras. E nunca houve cerceamento da liberdade desses membros de defender princípios cristãos, seja em debates, votações ou no congresso nacional.

O Pastor Paschoal está na verdade apenas expressando um ódio irracional pelo PT. Se o Pastor tivesse a honestidade intelectual jamais diria isso pois o Estatuto do PT, artigo 13, inciso XV, contraria tudo o que o pastor diz em relação ao partido e os filiados do mesmo. “Art. 13. São direitos do filiado: XV – excepcionalmente, ser dispensado do cumprimento de decisão coletiva, diante de graves objeções de natureza ética, filosófica ou religiosa, ou de foro íntimo, por decisão da Comissão Executiva do Diretório correspondente, ou, no caso de parlamentar, por decisão conjunta com a respectiva bancada, precedida de debate amplo e público.”

Mas o Pastor pede explicitamente para as pessoas não votarem no PT. Isso demonstra a quem o Pastor está servindo com essa pregação, e certamente nao é a Deus. Isso me faz lembrar dos pastores que apoiaram o regime militar e que deduravam colegas pastores para o regime apeans porque esses colegas pensavam diferente ou tinham ideias de esquerda. Rubem Alves foi uma das vítimas deles.

Eu tenho recebido relatos de evangélicos que estão sofrendo perseguição nas igrejas por causa desse vídeo. Cristãos estão sendo demonizados pelo movimento denominado “Evangélicos Pró-Marina”. Outros tem sido ameaçados de maldição se votarem em candidatos do PT. O que está havendo aqui é uma verdadeira falsificação da verdade. Esses pastores sim estão transformando a verdade de Deus em mentira como diz o apóstolo Paulo (Rom 1.25). Usam a Bíblia! Usam o nome de Deus! Mencionam princípios que eles mesmos contraditoriamente estão quebrando.

Talvez seja preciso lembrar ao Pastor que o diabo é o pai da mentira (João 8.44).
Pois é, abaixo a iniquidade! Mas por que o Pr Paschoal e outros pastores não falam que iniquidade é principalmente injustiça social, é desigualdade, pobreza e opressão, conforme Isaías 58? Estou cansado de ver pastores tentando manipular cristãos incautos com meias-verdades e mentiras. Quem não lembra daquela campanha “irmão votar em irmão”? Mas nós vimos o que aconteceu com boa parte da bancada evangélica no congresso logo depois de eleita. Agora esses líderes religiosos aparecem tentando semear o medo! Eles tem mais é que se arrependerem diante de Deus e pedir perdão a nação.

Se quer defender um projeto político então não basta ser cristão, não basta ser contra o aborto, nao basta ser contra a pornografia etc! Tem que ter projeto! Iniquidade é esses pastores mentindo, usando o nome de Deus e a Bíblia para caluniar. Eles sim estão transformando a verdade em mentira. Eles sim têm uma agenda político-partidária por trás desse discurso pseudo-religioso.

O Brasil está repleto de pastores com familiares que conseguiram uma boquinha no poder público através do apoio político que pastores manifestavam em suas igrejas. Ainda no mes passado o Pr A.F. Francelino foi denuciando por tentar vender o apoio da igreja que ele dirige no Maranhão. Até quando certos pastores vão se comportar como se os crentes fossem massa de manobra? Estão tentando promover o voto cabresto. Acorda povo de Deus! Abaixo a Iniquidade!

“Corra, porém, a justiça como as águas, e a retidão como o ribeiro perene” (Amós 5.24).
As Razões Da Direita Para Voce Não votar Em Dilma!
Por Joabe G Cavalcanti

Não vote em Dilma porque ela tem o apoio do presidente Lula que:
É de origem pobre (Já viu pobre querer ser presidente? Já basta aqueles garis do Rio desejando feliz Ano Novo para o povo Brasileiro. Boris Casoy estava certo. Procura o teu lugar, pobre besta!).
É analfabeto (não tem diploma universitário). Já pensou um presidente de uma nação sem um canudo na mão para mostrar?
É Nordestino (que asco, né?). Nordeste, aquela região árida do Brasil, cheia de analfabetos e crianças desnutridas de barriga grande, que só tem mandacarú e carcaças de animais por onde você passa. Oxente, que lugar mais feio essa região!
Foi metalúrgico operário (operário no poder? Como assim? Onde já se viu isso? O poder é para gente rica branca sulista e elitizada, menino!)
Foi preso pelo regime militar (tem ficha policial e é portanto um criminoso! Os defensores do regime militar o chamariam de terrorista!).
Ele só tem nove dedos! (perdeu um dedo em acidente de trabalho. Bem feito! Quem manda ser peão, né? Que acidente de pobre!) Agora já pensou um presidente de um país como o Brasil com apenas nove dedos? Que vergonha para o nosso povo! É d’agente ficar imaginando esse homem apertando as mãos de outros estadistas... Nove dedos... Sei não, visse?
Ele não fala inglês. Como assim, não fala inglês? Como é que vai conversar com o presidente da China ou do Japão então? O “cara” não fala inglês, minha gente! Esse daí os Estados Unidos não engolem não! Um verdadeiro Zé Mané! Oxe, não fala inglês...
E vamos aceitar o fato que o homem não é nenhum príncipe, certo? É um sapo barbudo! E não era assim que o pessoal da elite se referia a ele, não era? Então faz sentido mesmo. Sapo barbudo! Pelo amor de Deus minha gente, nós precisamos é de um príncipe, daqueles que o “pensador” Arnaldo Jabor costuma elogiar...

Sabe o que é pior? É que esse sapo barbudo, pobre, metalúrgico, operário, analfabeto, nordestino, terrorista, deficiente de nove dedos, que não fala inglês, fez o melhor governo que o Brasil já teve desde a época do “descobrimento”. Foi o governo que mais investiu no social. Pasmem! Ele conseguiu tirar 24 milhões de brasileiros da pobreza absoluta, 31 milhões de brasileiros entraram para a classe média, e 13 milhões conquistaram um emprego com carteira assinada. Como é que ele ousou fazer isso? Quer saber mais? Foi com o governo dele que o Brasil passou a ser realmente respeitado no exterior. Esse sapo barbudo analfabeto ganhou inúmeras condecorações internacionais e foi eleito estadista do ano por várias instituições estrangeiras. Ai, que raiva! Esse operário entrará para a história como o melhor presidente que o Brasil já teve. E agora? Agora ele defende e apoia Dilma! Por quê? Porque Dilma foi a ministra mais importante do governo dele, e demonstrou capacidade, competência, honestidade, integridade e compromisso com um programa de governo que promove crescimento econômico com justiça social. E sabe o que ele diz? “Hoje não existe no país ninguém mais preparado do que a Dilma para governar o Brasil!”

Você quer mais razoes para não votar em Dilma?