quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Quem é grande ou quem deixa de ser?

Carta de um Brasileiro ao jornalista do Globo Ricardo Noblat.

Noblat
Quem é você para decidir pelo Brasil (e pela História) quem é grande ou quem deixa de ser? Quem lhe deu a procuração? O Globo? A Veja? O Estadão? A Folha?

Apresento-me: sou um brasileiro. Não sou do PT, nunca fui. Isso ajuda, porque do contrário você me desclassificaria,  jogando-me na lata de lixo como uma bolinha de papel. Sou de sua geração. Nossa diferença é que minha educação formal foi pífia, a sua acadêmica. Não pude sequer estudar num dos melhores colégios secundários que o Brasil tinha na época (o Colégio de Cataguases, MG, onde eu morava) porque era só para ricos. Nas cidades pequenas, no início dos sessenta, sequer existiam colégios públicos. Frequentar uma universidade, como a Católica de Pernambuco em que você se formou, nem utopia era, era um delírio.

Informo só para deixar claro que entre nós existe uma pedra no meio do caminho. Minha origem é tipicamente “brasileira”, da gente cabralina que nasceu falando empedrado. A sua não. Isto não nos torna piores ou melhores do que ninguém, só nos faz diferentes. A mesma diferença que tem Luis Inácio em relação ao patriciado de anel, abotoadura & mestrado. Patronato que tomou conta da loja desde a época imperial.

O que você e uma vasta geração de serviçais jornalísticos passaram oito anos sem sequer tentar entender é que Lula não pertence à ortodoxia política. Foi o mesmo erro que a esquerda cometeu quando ele apareceu como líder sindical. Vamos dizer que esta equipe furiosa, sustentada por quatro famílias que formam o oligopólio da informação no eixo Rio-S.Paulo – uma delas, a do Globo, controlando também a maior  rede de TV do país – não esteja movida pelo rancor. Coisa natural quando um feudo começa a  dividir com o resto da nação as malas repletas de cédulas alopradas que a União lhe entrega em forma de publicidade. Daí a ira natural, pois aqui em Minas se diz que homem só briga por duas coisas: barra de saia ou barra de ouro.

O que me espanta é que, movidos pela repulsa, tenham deixado de perceber que o brasileiro não é dançarino de valsa, é passista de samba. O patuá que vocês querem enfiar em Lula é o do negrinho do pastoreio, obrigado a abaixar a cabeça quando ameaçado pelo relho. O sotaque que vocês gostam é o nhém-nhém-nhém grã-fino de FHC, o da simulação, da dissimulação, da bata paramentada por láureas universitárias. Não importa se o conteúdo é grosseiro, inoportuno ou hipócrita  (“esqueçam o que eu escrevi”, “ tenho um pé na senzala” “o resultado foi um trabalho de Deus”). O que vale é a forma, o estilo envernizado.

As pessoas com quem converso não falam assim – falam como Lula. Elas também xingam quando são injustiçadas. Elas gritam quando não são ouvidas, esperneiam quando querem lhe tapar a boca.  A uma imprensa desacostumada ao direito de resposta e viciada em montar manchetes falsas   e armações ilimitadas (seu jornal chegou ao ponto de, há poucos dias, “manchetar”  a “queda” de Dilma nas pesquisas, quando ela saiu do primeiro turno com 47% e já entrou no segundo com 53 ) ficou impossível falar com candura. Ao operário no poder vocês exigem a “liturgia”  do cargo. Ao togado basta o cinismo.

Se houve erro nas falas de Lula isto não o faz menor, como você disse, imitando o Aécio. Gritos apaixonados durante uma disputa sórdida não diminuem a importância histórica de um governo que fez a maior revolução social de nossa História.  E ainda querem que, no final de mandato, o presidente aguente calado a campanha eleitoral mais baixa, desqualificada e mesquinha desde que Collor levou a ex-mulher de Lula à TV.

Sordidez que foi iniciada por um vendaval apócrifo de ultrajes contra Dilma na internet, seguida das subterrâneas ações de Índio da Costa junto a igrejas e da covarde declaração de Monica Serra sobre a “matança de criancinhas”, enfiando o manto de Herodes em Dilma. Esse cambapé de uma candidata a primeira dama – que teve o desplante de viajar ao seu país paramentada de beata de procissão, carregando uma réplica da padroeira só para explorar o drama dos mineiros chilenos no horário eleitoral – passou em branco nos editoriais. Ela é “acadêmica”.

A esta senhora e ao seu marido você deveria também exigir “caráter, nobreza de ânimo, sentimento, generosidade”.

Você não vai “decidir” que Lula ficou menor, não. A História não está sendo mais escrita só por essa súcia  de jornais e televisões à qual você pertence. Há centenas de pessoas que, de graça,  sem soldos de marinhos, mesquitas, frias ou civitas, estão mostrando ao país o outro lado,  a face oculta da lua. Se não houvesse a democracia da internet vocês continuariam ladrando sozinhos nas terras brasileiras, segurando nas rédeas o medo e o silêncio dos carneiros.

Carlos Torres Moura
Além Paraíba-MG

Infográfico: Colocando na balança Lula VS FHC 3



Veja o panfleto num tamanho maior!
Via @IlustreBOB

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Escândalo: fiéis evangélicos são usados como moeda de troca eleitoral

Campanha de Serra faz ofertas a evangélicos
Breno Costa da Folha de São Paulo  21/10/2010
A campanha de José Serra (PSDB) está oferecendo benefícios a igrejas evangélicas e a entidades a elas ligadas em troca de apoio de pastores à candidatura tucana. O mesmo foi feito na campanha do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin.
O responsável pelo contato com os líderes é Alcides Cantóia Jr., pastor da Assembleia de Deus em São Paulo.
Ele responde pela "coordenadoria de evangélicos" da campanha, criada ainda no primeiro turno exclusivamente para angariar apoios entre evangélicos.
"Disparo entre 150 e 200 telefonemas por dia, mais ou menos", diz Cantóia, que trabalha numa espécie de guichê montado no térreo do edifício Praça da Bandeira (antigo Joelma), quartel-general da campanha de Serra. No local, ele também recebe pastores para "um café".
Os telefonemas são feitos para pastores de várias denominações em todo o Estado de São Paulo, em busca de pedido de voto em Serra entre os fiéis de suas respectivas igrejas.
Segundo Cantóia, entre os argumentos para conquistar o engajamento dos evangélicos, além do discurso relativo a valores, como a posição contrária à descriminalização do aborto, está a promessa de apoio a parcerias entre essas igrejas e entidades assistenciais a elas vinculadas com prefeituras e governo, em caso de vitória tucana.
Como exemplo, cita a possibilidade de, com os tucanos no poder, igrejas poderem oferecer apoio a crianças e adolescentes, complementando o período que elas passam na escola. Assistência a idosos também é citada.
"O objetivo é levar as crianças para dentro da igreja", afirma o pastor. "Esse é um dos argumentos. Seriam igrejas em tempo integral, complementando a atividade da escola."
Cantóia afirma, também, tentar intermediar demandas recebidas de pastores junto a prefeituras. Por exemplo, pedidos para que entidades funcionem como creche ou que virem intermediárias do programa Viva Leite, do governo estadual.
Alcides diz ter sido um dos articuladores que levou os pastores Silas Malafaia, do Rio de Janeiro, e José Wellington Bezerra, de São Paulo, ambos da Assembleia de Deus, a gravarem depoimentos de apoio a Serra, exibidos em sua propaganda na TV.
O Conselho dos Pastores de São Paulo, que reúne representantes de diversas denominações protestantes, estima que cerca de 80 mil pastores em SP apoiem Serra.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O SEGREDO DE LULA


Por Luiz Antonio Simas

É impressionante como uma parcela significativa da elite letrada brasileira não consegue engolir a presença de Lula na presidência. Mais do que uma oposição fundamentada em razões consistentes para criticar o governo, boa parte da oposição a Lula me parece fruto de preconceito deslavado - menos contra a figura de Lula do que contra a carga simbólica que sua trajetória representa.

Somos um país históricamente marcado pela valorização demasiada da cultura bacharelesca e, ao mesmo tempo, por quatro séculos de escravidão que acabaram por desqualificar completamente o trabalho manual. A primeira constituição brasileira  - a carta do Império de 1824 - estabelecia o voto censitário e preservava o escravismo, com o argumento de que libertar escravos atentaria contra o direito à propriedade privada. A primeira constituição da República - a de 1891 - proibia o voto do analfabeto e, ao mesmo tempo, não atribuia ao estado brasileiro o dever de alfabetizar a população. O Brasil, em resumo, foi pensado por sua elite política e econômica a partir da perspectiva da exclusão das massas populares do exercício da cidadania e do acesso ao saber formal

Lula, nesse sentido, foi o presidente que mostrou a essas elites que o Brasil pode, para elas, dar errado. Sim, porque até agora, na perspectiva dos donos do poder, o Brasil vinha dando certo. É simples: a exclusão social brasileira não foi resultado de políticas fracassadas. Ela foi pensada e praticada como um projeto de Estado-Nação. A chegada de Lula ao poder e a aprovação popular ao seu governo tem uma dimensão simbolica única na trajetória brasileira - é o tapa na cara da elite bacharelesca que se sente detentora do saber-poder desde sempre e não admite o sucesso do sujeito sem educação formal que, como homem comum [daí a sua grandeza] que é [somos], ocupa o cargo outrora destinado aos fidalgos do bacharelismo.

O horror de muitos adeptos da cultura bacharelesca - a tal da cultura formal - ao presidente do Brasil é o pânico diante da ameaça ao monopólio do saber instituído que essas elites sempre prezaram e exerceram. O recado que a trajetória de Lula manda aos doutores é a expressão viva da bela meditação de Vinicius de Moraes em seu Canto de Oxalufã:

Você que sabe demais
Meu pai mandou lhe dizer
Que o tempo tudo desfaz
A morte nunca estudou
E a vida não sabe ler

O beabá
Não dá pra ninguém saber
Por que é que há
Quem lê e não sabe amar
Quem ama e não sabe ler?

Você que sabe demais
Mas que não sabe viver
Responda se for capaz:
Da vida, quem sabe lá?
Da morte, quem quer saber?

Oxalufã, o Senhor do pano branco, avisa aos sabichões que o mistério do homem se instaura no tempo que a todos iguala no caminho da Noite Grande - a morte, afinal,  nunca estudou e a vida não sabe ler. O conhecimento formal nunca foi sinônimo de conhecimento vital, sabedoria de vida, revela o poeta em sua prece ao grande orixá.  

As elites sofisticadas brasileiras, os sabichões intelectuais, as viuvas do príncipe da sociologia FHC, os intelectuais orgânicos da plutocracia paulista, os donos dos bancos acadêmicos que  vêem seus tronos doutorais ameaçados pela adoção do sistema de cotas sociais e raciais no Brasil, os conhecedores de verbos certos e letras mortas, não compreendem o sucesso de Lula por um simples motivo: É a eles que o poeta - ridicularizado por membros dessa mesma elite quando se aproxima da Umbanda e do Candomblé - se dirige quando indaga:

Por que é que há
Quem lê e não sabe amar
Quem ama e não sabe ler?

A resposta, senhores, ao mistério da popularidade de Lula está na pergunta que o poeta faz ao orixá que nos acolhe debaixo de seu alá funfun e guarda os segredos do mundo na ponta do Opaxorô, o cajado sagrado. Durante quinhentos anos o Brasil foi governado pelos letrados.

Começou a ser, com Lula, governado por quem ama.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ex-emigrante cristã diz porque votou e votará na Dilma

Ex-emigrante cristã diz porque votou e votará na Dilma

Talvez cansados de ler boatos sobre Dilma Rousseff na Internet, alguns petistas radicados nos EUA começaram a circular o texto “Cansei: vou votar no Serra.”

O texto fala mais ou menos assim: “cansei de ir ao supermercado e encontrá-lo cheio. O alimento está barato demais. O salário dos pobres aumentou e qualquer um agora se mete a comprar carne, queijo, presunto, hambúrguer, iogurte, etc. Cansei dos bares e restaurantes lotados nos fins de semana. Se sobra algum, a gentalha toda vai para a noite. Cansei dessa tranqueiragem.”
Por outro lado, os líderes evangélicos de Boston estão distribuindo o texto “O povo sou eu,” de Bráulia Ribeiro, cujo segundo parágrafo diz o seguinte: “a massa, já disse o sociólogo, é manobrada, o povo é uma mera vítima da zelite e os pobres nunca ditam seu destino. A pobreza, segundo o PT, não é uma circunstância econômica, mas uma condição moral.”
E numa campanha presidencial que todos os dias recebe atalhos obscuros pela Internet, também foi pela rede mundial que uma amiga da minha esposa comentou o texto “Cansei.”

O blogueiro conseguiu a permissão para publicar o texto abaixo, mas se comprometeu a não divulgar o nome da autora. A autora é professor de Maringá, no Paraná, e frequentadora de igreja evangélica durante todos os 10 anos que permaneceu nos EUA.

Na realidade, a opinião desta professora traz um ponto de vista de alguém que deixou um Brasil de um jeito, passou 10 anos nos EUA em busca de melhoria financeira, e quando retornou a Maringá comprovou que o padrão de vida melhorou muito.

“Bom, este texto sobre votar no Serra, exprime a realidade brasileira, pelo menos aqui em Maringá. É notório que as classes mais favorecidas se sintam incomodadas sim. A classe média em geral tem uma grande parcela de pessoas que migraram de classes inferiors.

E o que eu acho engraçado é que, de uma hora pra outra, essas pessoas não querem mais ter contato com gente ou situações que lembrem seu passado. Isso incomoda muito. Não há mais distinção de classes gritante entre o trabalhador e quem tem um pouco mais. (Claro não estou falando dos milionários).

Quando eu saí daqui (de Maringá par aos EUA), a frota de veículos era composta mais ou menos de 60% de carros usados pra velhos. Até quando eu estava pra voltar, de vez em quando me dava um friozinho na barriga. Porque é super normal pintar uma insegurança, achando que eu iria encontrar a mesma realidade. Pois posso te dizer com todas as letras, tudo mudou! Hoje pelo menos 90% da frota é de carros novos. O meu irmão me disse que se vc quiser comprar um importado mais caro como BMW e AUDI tem que entrar na fila de espera de 6 meses ou mais. Eu tenho um Corolla, que é considerado um carro normal aqui. Eu fico feliz com o que eu estou vendo. As pessoas têm mais chance de conseguir os bens materiais tão almejados no passado.

O que incomoda grupos de burgueses decadentes é que o meu vizinho pobrezinho agora pode ter casa, comer bem, ter carro e até viajar, "verdadeiro absurdo, inadimissível!"

Outro exemplo próximo é que antes para se ter uma empregada doméstica não era tão caro, hoje se você for colocar na ponta do lápis sai quase por R$ 1 mil por mês. Você tem que registrar, pagar férias, transporte ... Isso é maravilhoso, significa que há menos pessoas disponíveis para este tipo de trabalho, porque as outras estão empregadas em outros setores.

Aqui em Maringá, por exemplo, você tem que entrar em fila pra conseguir pessoas para a construção civil, cada esquina tem uma casa, um prédio, uma reforma sendo feita, uma loucura, "verdadeiro absurdo, o que eles estão pensando?"

Eu votei na Dilma e estou com muita esperança para o segundo turno, claro que é necessário você relevar emails absurdos que os adversários divulgam, como por exemplo, da ditadura "Chaviana" chegar ao Brasil, que a Dilma vai censurar todos os meios de comunicação ... As mesmas coisas que falavam quando o Lula era candidato. O que me entristece é que a pessoas repassam mas nem se dão conta do absurdo do conteúdo.

Bom, meus ideais socialistas não me deixam parar, estou feliz porque milhões de miseráveis estão se alimentando.”

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O Homem Bomba de Serra

Primeiro, Serra não sabia. Agora, defende Paulo Preto

Enviado por Ricardo Noblat - 12.10.2010
Eu não sei quem é o Paulo Preto. Nunca ouvi falar. Ele foi um factóide criado para que vocês (imprensa) fiquem perguntando". Serra disse ainda que não iria gastar horas de um debate nacional discutindo "bobagens". (Portal Terra)

Serra e Paulo Preto (à esquerda, segurando um exemplar de jornal)

Folha de S. Paulo, hoje:

Citado por petista em debate por suposto caixa 2, engenheiro exige que candidata mostre provas e que tucanos o defendam. "Não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada. Não cometam esse erro", afirma ele a dirigentes do PSDB

Citado pela candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT) como o homem que "fugiu" com R$ 4 milhões da campanha de José Serra (PSDB), o ex-diretor de Engenharia da Dersa, Paulo Vieira de Souza, cobrou em entrevista à Folha que a petista apresente provas e que o tucano o defenda.

Paulo Preto, como o ex-executivo da empresa estatal é conhecido, disse que todas as suas "atitudes" foram informadas a Serra. Por isso, afirma, o tucano deveria responder às acusações que ele vem sofrendo.

O Globo, há pouco:

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, respondeu nesta terça-feira à declaração da sua adversária, Dilma Rousseff (PT), de que a campanha tucana teria sido alvo de desvio de recursos por parte do engenheiro Paulo Vieira de Souza, ex-funcionária da Dersa. Serra negou o fato e acusou a petista de tentar criar factóides para prejudicar a candidatura dele.

- Vamos deixar claro. A candidata Dilma Rousseff chegou no debate e disse que tinha havido um desvio de R$ 4 milhões na minha campanha. Ou seja, que alguém contribuiu e não chegou à minha campanha. Isso não é verdade. Ele não fez nada disso. Ele é totalmente inocente. Eu não pude responder no dia, porque ela aproveitou o final de uma fala e depois entrou outro assunto. Isso são factóides feitos para pegar na imprensa. Alguns funcionam, como estamos vendo agora. É um factóide que deu certo. Ela tentou dez, um ou dois acabam pegando - afirmou Serra.

Manifesto Filósofos Pró-Dilma

Professores e Pesquisadores de Filosofia Apoiam Dilma Rousseff para a Presidência da República

Professores e pesquisadores de Filosofia, abaixo assinados, manifestamos nosso apoio à candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República. Seguem-se nossas razões.

Os valores de nossa Constituição exigem compromisso e responsabilidade por parte dos representantes políticos e dos intelectuais

Nesta semana completam-se vinte e dois anos de promulgação da Constituição Federal. Embora marcada por contradições de uma sociedade que recém começava a acordar da longa noite do arbítrio, ela logrou afirmar valores que animam sonhos generosos com o futuro de nosso país. Entre os objetivos da República Federativa do Brasil estão “construir uma sociedade livre, justa e solidária”, “garantir o desenvolvimento nacional”, “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”.

A vitalidade de nossa República depende do efetivo compromisso com tais objetivos, para além da mera adesão verbal. Por parte de nossos representantes, ele deve traduzir-se em projetos claros e ações efetivas, sujeitos à responsabilização política pelos cidadãos. Dos intelectuais, espera-se o exame racionalmente responsável desses projetos e ações.

Os oito anos de governo Lula constituíram um formidável movimento na direção desses objetivos. Reconheça-se o papel do governo anterior na conquista de relativa estabilidade econômica. Ao atual governo, porém, deve-se tributar o feito inédito de conciliar crescimento da economia, controle da inflação e significativo desenvolvimento social. Nesses oito anos, a pobreza foi reduzida em mais de 40%; mais de 30 milhões de brasileiros ascenderam à classe média; a desigualdade de renda sofreu uma queda palpável. Não se tratou de um efeito natural e inevitável da estabilidade econômica. Trata-se do resultado de políticas públicas resolutamente implementadas pelo atual governo – as quais não se limitam ao Bolsa Família, mas têm nesse programa seu carro-chefe.

Tais políticas assinalam o compromisso do governo Lula com a realização dos objetivos de nossa República. Como ministra, Dilma Rousseff exerceu um papel central no sucesso dessa gestão. Cremos que sua chegada à Presidência representará a continuidade, aprofundamento e aperfeiçoamento do combate à pobreza e à desigualdade que marcou os últimos oito anos.

Há razões para duvidar que um eventual governo José Serra ofereça os mesmos prospectos. É notório o desprezo com que os programas sociais do atual governo – em particular o Bolsa Família – foram inicialmente recebidos pelos atores da coligação que sustenta o candidato. Frente ao sucesso de tais programas, José Serra vem agora verbalizar sua adesão a eles, quando não arroga para si sua primeira concepção. Não tendo ainda, passado o primeiro turno, apresentado um programa de governo, ele nos lança toda sorte de promessas – algumas das quais em franco contraste com sua gestão como governador de São Paulo – sem esclarecer como concretizá-las. O caráter errático de sua campanha justifica ceticismo quanto à consistência de seus compromissos. Seu discurso pautado por conveniências eleitorais indica aversão à responsabilidade que se espera de nossos representantes. Ironicamente, os intelectuais associados ao seu projeto político costumam tachar o governo Lula e a candidatura Dilma de populistas.

O compromisso com a inclusão social é um compromisso com a democracia

A despeito da súbita conversão da oposição às políticas sociais do atual governo, ainda ecoam entre nós os chavões disseminados por ela sobre os programas de transferência de renda implementados nos últimos anos: eles consistiriam em mera esmola assistencialista desprovida de mecanismos que possibilitem a autonomia de seus beneficiários; mais grave, constituiriam instrumento de controle populista sobre as massas pobres, visando à perpetuação no poder do PT e de seus aliados. Tais chavões repousam sobre um equívoco de direito e de fato.

A história da democracia, desde seus primeiros momentos na pólis ateniense, é a história da progressiva incorporação à comunidade política dos que outrora se viam destituídos de voz nos processos decisórios coletivos. Que tal incorporação se mostre efetiva pressupõe que os cidadãos disponham das condições materiais básicas para seu reconhecimento como tais. A cidadania exige o que Kant caracterizou como independência: o cidadão deve ser “seu próprio senhor (sui iuris)”, por conseguinte possuir “alguma propriedade (e qualquer habilidade, ofício, arte ou ciência pode contar como propriedade) que lhe possibilite o sustento”. Nossa Constituição vai ao encontro dessa exigência ao reservar um capítulo aos direitos sociais.

Os programas de transferência de renda implementados pelo governo não apenas ajudaram a proteger o país da crise econômica mundial – por induzirem o crescimento do mercado interno –, mas fortaleceram nossa democracia ao criar bases concretas para a cidadania de milhões de brasileiros. Se atentarmos ao seu formato institucional, veremos que eles proporcionam condições para a progressiva autonomia de seus beneficiários, ao invés de prendê-los em um círculo de dependência. Que mulheres e homens beneficiados por tais programas confiram seus votos às forças que lutaram por implementá-los não deve surpreender ninguém – trata-se, afinal, da lógica mesma da governança democrática. Senhoras e senhores de seu destino, porém, sua relação com tais forças será propriamente política, não mais a subserviência em que os confinavam as oligarquias.

As liberdades públicas devem ser protegidas, em particular de seus paladinos de ocasião

Nos últimos oito anos – mas especialmente neste ano eleitoral – assistiu-se à reiterada acusação, por parte de alguns intelectuais e da grande imprensa, de que o presidente Lula e seu governo atentam contra as liberdades públicas. É verdade que não há governo cujos quadros estejam inteiramente imunes às tentações do abuso de poder; é justamente esse fato que informa o desenvolvimento dos sistemas de freios e contrapesos do moderno Estado de Direito. Todavia, à parte episódios singulares – seguidos das sanções e reparos cabíveis –, um olhar sóbrio sobre o nosso país não terá dificuldade em ver que o governo tem zelado pelas garantias fundamentais previstas na Constituição e respeitado a independência das instituições encarregadas de protegê-las, como o Ministério Público, a Procuradoria Geral da República e o Supremo Tribunal Federal.

Diante disso, foi com desgosto e preocupação que vimos personalidades e intelectuais ilustres de nosso país assinarem, há duas semanas, um autointitulado “Manifesto em Defesa da Democracia”, em que acusam o governo de tramas para “solapar o regime democrático”. À conveniência da candidatura oposicionista, inventam uma nova regra de conduta presidencial: o Presidente da República deve abster-se, em qualquer contexto, de fazer política ou apoiar candidaturas. Ironicamente, observada tal regra seria impossível a reeleição para o executivo federal – instituto criado durante o governo anterior, não sem sombra de casuísmo, em circunstâncias que não mereceram o alarme da maioria de seus signatários.

Grandes veículos de comunicação sistematicamente alardeiam que o governo Lula e a candidatura Dilma representam uma ameaça à liberdade de imprensa, enquanto se notabilizam por uma cobertura militante e nem sempre responsável da atual campanha presidencial. As críticas do Presidente à grande imprensa não exigem adesão, mas tampouco atentam contra o regime democrático, em que o Presidente goza dos mesmos direitos de todo cidadão, na forma da lei. Propostas de aperfeiçoamento dos marcos legais do setor devem ser examinadas com racionalidade, a exemplo do que tem acontecido em países como a França e a Inglaterra.

Se durante a campanha do primeiro turno houve um episódio a ameaçar a liberdade de imprensa no Brasil, terá sido o estranho requerimento da Dra. Sandra Cureau, vice-procuradora-geral Eleitoral, à revista Carta Capital. De efeito intimidativo e duvidoso lastro legal, o episódio não recebeu atenção dos grandes veículos de comunicação do país, tampouco ensejou a mobilização cívica daqueles que, poucos dias antes, publicavam um manifesto contra supostas ameaças do Presidente à democracia brasileira. O zelo pelas liberdades públicas não admite dois pesos e duas medidas. Quando a evocação das garantias fundamentais se vê aliciada pelo vale-tudo eleitoral, a Constituição é rebaixada à mera retórica.

Estamos convictos de que Dilma Rousseff, se eleita, saberá proteger as liberdades públicas. Comprometidos com a defesa dessas liberdades, recomendamos o voto nela.

Em defesa do Estado laico e do respeito à diversidade de orientações espirituais, contra a instrumentalização política do discurso religioso

A Constituição Federal é suficientemente clara na afirmação do caráter laico do Estado brasileiro. É garantida aos cidadãos brasileiros a liberdade de crença e consciência, não se admitindo que identidades religiosas se imponham como condição do exercício de direitos e do respeito à dignidade fundamental de cada um. Isso não significa que a religiosidade deva ser excluída da cena pública; exige, porém, intransigência com os que pregam o ódio e a intolerância em nome de uma orientação espiritual particular.

É, pois, com preocupação que testemunhamos a instrumentalização do discurso religioso na presente corrida presidencial. Em particular, deploramos a guarida de templos ao proselitismo a favor ou contra esta ou aquela candidatura – em clara afronta à legislação eleitoral. Dilma Rousseff, em particular, tem sido alvo de campanha difamatória baseada em ilações sobre suas convicções espirituais e na deliberada distorção das posições do atual governo sobre o aborto e a liberdade de manifestação religiosa. Conclamamos ambos os candidatos ora em disputa a não cederem às intimidações dos intolerantes. Temos confiança de que um eventual governo Dilma Rousseff preservará o caráter laico do Estado brasileiro e conduzirá adequadamente a discussão de temas que, embora sensíveis a religiosidades particulares, são de notório interesse público.

O compromisso com a expansão e qualificação da universidade é condição da construção de um país próspero, justo e com desenvolvimento sustentável

É incontroverso que a prosperidade de um país se deixa medir pela qualidade e pelo grau de universalização da educação de suas crianças e de seus jovens. O Brasil tem muito por fazer nesse sentido, uma tarefa de gerações. O atual governo tem dado passos na direção certa. Programas de transferência de renda condicionam benefícios a famílias à manutenção de suas crianças na escola, diminuindo a evasão no ensino fundamental. A criação e ampliação de escolas técnicas e institutos federais têm proporcionado o aumento de vagas públicas no ensino médio. Programas como o PRODOCENCIA e o PARFOR atendem à capacitação de professores em ambos os níveis.

Em poucas áreas da governança o contraste entre a administração atual e a anterior é tão flagrante quanto nas políticas para o ensino superior e a pesquisa científica e tecnológica associadas. Durante os oito anos do governo anterior, não se criou uma nova universidade federal sequer; os equipamentos das universidades federais viram-se em vergonhosa penúria; as verbas de pesquisa estiveram constantemente à mercê de contingenciamentos; o arrocho salarial, aliado à falta de perspectivas e reconhecimento, favoreceu a aposentadoria precoce de inúmeros docentes, sem a realização de concursos públicos para a reposição satisfatória de professores. O consórcio partidário que cerca a candidatura José Serra – o mesmo que deu guarida ao governo anterior – deve explicar por que e como não reeditará essa situação.

O atual governo tem agido não apenas para a recuperação do ensino superior e da pesquisa universitária, após anos de sucateamento, como tem implementado políticas para sua expansão e qualificação – com resultados já reconhecidos pela comunidade científica internacional. O PROUNI – atacado por um dos partidos da coligação de José Serra – possibilitou o acesso à universidade para mais de 700.000 brasileiros de baixa renda. Através do REUNI, as universidades federais têm assistido a um grande crescimento na infraestrutura e na contratação, mediante concurso público, de docentes qualificados. Programas de fomento, levados a cabo pelo CNPq e pela CAPES, têm proporcionado um sensível aumento da pesquisa em ciência e tecnologia, premissa central para o desenvolvimento do país. Foram criadas 14 novas universidades federais, testemunhando-se a interiorização do ensino superior no Brasil, levando o conhecimento às regiões mais pobres, menos desenvolvidas e mais necessitadas de apoio do Estado.

Ademais, deve-se frisar que não há possibilidade de desenvolvimento sustentável e preservação de nossa biodiversidade – temas cujo protagonismo na atual campanha deve-se à contribuição de Marina Silva – sem investimentos pesados em ciência e tecnologia. Não se pode esperar que a iniciativa privada satisfaça inteiramente essa demanda. O papel do Estado como indutor da pesquisa científica é indispensável, exigindo um compromisso que se traduza em políticas públicas concretas. A ausência de projetos claros e consistentes da candidatura oposicionista, a par do lamentável retrospecto do governo anterior nessa área, motiva receios quanto ao futuro do ensino superior e do conhecimento científico no Brasil – e, com eles, da proteção de nosso meio-ambiente – no caso da vitória de José Serra. A perspectiva de continuidade e aperfeiçoamento das políticas do governo Lula para o ensino e a pesquisa universitários motiva nosso apoio à candidatura de Dilma Rousseff.

Por essas razões, apoiamos a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República. Para o povo brasileiro continuar em sua jornada de reencontro consigo mesmo. Para o Brasil continuar mudando!

06 de outubro de 2010

Professores(as) e pesquisadores(as) DE FILOSOFIA interessados em assinar o manifesto, favor enviar email com nome completo, vínculo institucional e demais informações que acharem relevantes para o endereço: manifestoprodilma@gmail.com. Para conferir a lista de signatários acesse o link "assinaturas" na barra lateral. Para os demais interessados, favor conferir: http://www.petitiononline.com/prodilma/petition.html

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Resposta as Baixarias Serristas

Compartilho com voces uma mensagem/email de um amigo, tambem reverendo anglicano, sobre esta eleicao. A mensagem e' de um conteudo consistente com uma argumentacao solida e muito inteligente. Nela sao tratadas tanto a questao religiosa como a questao economica. E' um texto que desmonta os argumentos pequenos do pessoal do Serra e da campanha sordida de terror que eles estao promovendo.
Boa leitura e fiquem a vontade para repassar o texto. Ja' temos a permissao do autor o Revd Dr Gustavo Gilson de Oliveira.
XXXX

Caro ....,
Não respondi seus e-mails anteriores por respeitar sua posição e considerar que Marina era uma candidata séria e qualificada (embora também considerasse – e continuo considerando – que o PV, apesar da boa bandeira ambiental, é um partido com posições econômicas e sociais indefinidas ou duvidosas, o que para mim é um problema relevante). Todavia, fiquei seriamente aborrecido e também muito preocupado com a visível campanha de difamação e “demonização” que foi disseminada contra Dilma e o PT, especialmente entre os evangélicos e carismáticos. Aborrecido porque minha caixa postal ficou literalmente “abarrotada” de e-mails com acusações baixas, levianas e manipulações irresponsáveis que seriam detestáveis em qualquer campanha e se tornaram piores por serem feitas em nome de Deus e da fé cristã. Preocupado po rque mais uma vez a religião cristã está sendo utilizada como instrumento para se tentar criar um clima de demonização e fobia contra as esquerdas no Brasil e, lamentavelmente, o medo e o pânico são sentimentos tão fortes que passam a justificar qualquer injustiça, estupidez ou barbaridade. Esse mesmo pavor “anti-esquerdista” e “anti-comunista”, é sempre importante lembrar, foi igualmente alimentado entre os cristãos (com sucesso) nas décadas de 1960/70 para justificar e legitimar a perseguição política, o golpe militar e as violações dos direitos humanos no Brasil. O golpe foi antecedido por uma fatídica “Marcha com Deus, pela Família e pela Liberdade” e foi apoiado por e favoreceu as mesmas forças políticas e econômicas (PDS/PFL/DEM, TFP, Globo, Grupo Estado, Grupo Folha etc.) que agora querem se apresentar como defensores da democracia e das liberdades civis no país. Não se trata de afirmar que haja qualquer ameaça de golpe político no Brasil em um horizonte visível, não acredito nisso, mas, de perceber como o medo pode ser e vem sendo manipulado para favorecer certos grupos de poder e projetos de sociedade que se escondem atrás do pavor e da desinformação.

Não sei de onde você concluiu que o texto que me mandou é “centrado”. O texto foi retirado (não sei se você teve o cuidado de verificar) de um site ligado à direita nacionalista radical norte-americana, especializado em teorias da conspiração e repleto de textos de orientação anti-semita, anti-comunista, sobre sociedades e redes secretas e em defesa das milícias civis armadas nos Estados Unidos. As “informações” apresentadas são absolutamente falsas ou totalmente distorcidas. Ao contrário do que é afirmado no texto, por exemplo, a taxa de analfabetismo vem caindo continuamente no Brasil (embora em ritmo bem mais lento do que eu gostaria e do que seria possível) desde o início do século XX. O número absoluto de analfabetos (o que é mais significativo) vem caindo consistentemente desde meados dos a nos de 1980. A taxa de analfabetismo em 2002, quando Lula assumiu o governo, era de 11,8% e chegou a 9,7% em 2009. Conheço bem esses dados, pois sou professor de Sociologia do Desenvolvimento na Universidade (UFRPE), mas, você pode verificá-los nos sites do IBGE (citado levianamente no texto), do INEP, do IPEA, da UNESCO ou de qualquer instituto de pesquisas sério no Brasil. Deve-se destacar que quanto mais a taxa declina mais resistente ela se torna (devido ao contingente de população analfabeta acima da idade escolar) e que o investimento direto em educação básica no Brasil cresceu de 3,3% do PIB em 2001 para 4,0% do PIB em 2009 (o que ainda é obviamente insuficiente, mas, já representou uma melhora em relação ao governo anterior). Deve-se destacar também que houve uma mudança significativa na qualidade e prioridade de destinação do investimento, que passou a atender com maior justiça as regiões norte-nordeste e o interior do país, hist oricamente marginalizados nos investimentos em educação.

No que diz respeito às mortes violentas no Brasil (assunto que eu pesquisei diretamente e tenho trabalhos publicados a respeito), ao contrário do que diz o texto, houve uma redução historicamente inédita (embora ainda pequena) no índice de homicídios no país e nas principais regiões urbanas a partir de 2003 devido, sobretudo, às campanhas e políticas de desarmamento (políticas que os pesquisadores já reivindicavam a muito tempo, que ainda precisam ser aprofundadas e que vão em direção contrária aos ideais do site que você indica). Quanto ao saneamento básico, o acesso foi expandido especialmente para as periferias e as pequenas cidades. Como observa o professor Léo Heller da UFMG: “A média anual de investimentos federais no governo Lula, em rela ção ao PIB, é mais que o dobro da média apurada nos dois mandatos de FHC, com uma tendência crescente nos últimos anos, graças ao PAC. A política do governo FHC para o saneamento foi de contenção dos investimentos para as entidades públicas e de preparação do setor para a privatização, inspirado em modelo do Banco Mundial e pressionado pelo FMI, aposta esta não realizada e modelo que não se mostrou capaz de universalizar o acesso aos serviços nos países pobres” (http://www.ecodebate.com.br/2010/01/25/avancos-no-saneamento-basico-as-armadilhas-dos-numeros-artigo-de-leo-helleri/). Quanto à família da candidata Dilma, é público e notório que o pai dela nunca foi um militante político importante, nem “capitalista rico” e m uito menos considerado “perigoso”. Ele era imigrante e era comunista (assim como Niemeyer, Jorge Amado, Saramago, Neruda etc.), mas, isso não é nenhum crime no Brasil (pelo menos não nos últimos 20 anos). Dilma participou da luta armada contra a ditadura (assim como, em outros contextos, Nelson Madela, Anita e Giuseppe Garibaldi, Simon Bolívar, Che Guevara, Luiz Carlos Prestes, Olga Benário, Carlos Marighela, Simone Weil, Dietrich Bonhoeffer e outros), mas, só quem havia tido a desfaçatez de qualificar-lhe de “assassina” ou “terrorista” (até agora) haviam sido os agentes da própria ditadura. Não vou continuar discutindo as afirmações disparatadas do texto, mas, acho que já foi possível demonstrar que ele não tem absolutamente nada de “centrado”.

Certamente o governo Lula ficou aquém das minhas expectativas em alguns aspectos (embora eu nunca tenha esperado que ele resolvesse todos os problemas do Brasil como um “salvador da pátria”), sobretudo, na medida em que se adaptou às lógicas dominantes da conjuntura política tradicional e deixou de se empenhar seriamente para realizar as reformas estruturais (política, tributária, agrária etc.) necessárias para produzir uma transformação mais consistente e profunda na realidade do país. Apesar disso, há uma diferença qualitativa muito clara e muito importante entre as concepções e prioridades políticas representadas por Dilma (juntamente com Lula e o PT) e aquelas representadas por Serra (juntamente com FHC e PSDB/DEM). Para a perspectiva do grupo representado por Dilma, o principal papel do Estado é pr omover o desenvolvimento de uma sociedade livre, justa e igualitária. A estabilidade, o crescimento e a prosperidade da economia e do mercado são vistos como condições necessárias para proporcionar a melhoria da vida das pessoas. Portanto, o Estado deve buscar garantir a estabilidade e o crescimento da economia, mas, deve também agir e intervir direta e solidamente para assegurar a distribuição de renda, a justiça social e o reconhecimento da dignidade de todas as pessoas. Para a perspectiva do grupo representado por Serra, o principal papel do Estado é garantir a estabilidade da economia e a prosperidade do mercado. É esperado então (por alguns) que o próprio crescimento do mercado venha a proporcionar de alguma forma a melhoria da vida das pessoas. A tarefa do Estado, nessa perspectiva, deve ser a de intervir o mínimo necessário na realidade de modo a manter a ordem social, a permitir a liberdade do mercado e a auxil iar no crescimento das empresas.

É por isso que os principais temas defendidos pelos grupos que apóiam Serra são “cortes nos impostos”, “redução do tamanho do Estado”, “redução dos gastos sociais”, “privatização dos serviços públicos”, “flexibilização dos direitos trabalhistas”, “controle dos movimentos sociais” etc. Não é à toa que os aliados de Serra costumavam chamar o Bolsa Família de “bolsa esmola”, por exemplo, ou que foram contra os investimentos do governo em infraestrutura e programas sociais, especialmente durante a crise econômica (para quem não lembra, vale à pena assistir o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=Ig9pE6qwzxw). Eles acham que o governo deve reduzir ao mínimo necessário suas atividades, para gastar o mínimo possível, para cobrar menos impostos e deixar que as empresas cresçam mais e tornem a sociedade mais rica. O problema (como nós já vimos muito bem na história do Brasil) é que as empresas estão voltadas para ampliar seus próprios lucros e seu poder e, sem a atuação de um Estado que represente os interesses sociais mais amplos e intervenha diretamente para promover a justiça social, a tendência é que o mercado aumente a concentração de renda e a exclusão social. A grande ironia é que isso também pode acabar prejudicando a própria economia, pois, quando surgem problemas com a exportação e o jogo financeiro, se não houver um mercado interno forte para absorver a produção, a economia entra em crise e as empresas começam a quebrar (embora geralmente os maiores executivos e investidores “pulem do barco” antes, levando seus lucros). Por isso o Brasil se saiu tão bem durante a crise econômica, porque o mercado interno brasileiro estava fortalecido e os investimentos locais sustentaram o crescimento, ao contrário do que defendiam Serra e seus aliados (mais uma vez eu sugiro que relembrem o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=Ig9pE6qwzxw). Mas, a ganância e a arrogância de grande parte da elite econômica e dos empresários fazem com que muitos continuem defendendo a prioridade de seu lucro e de seu status político sobre as demandas da maioria da população.

Para muito além de simplesmente manter a estabilidade da economia e o controle da inflação, desse modo, o governo Lula desenvolveu um conjunto de programas inéditos e realizou investimentos pesados no combate a fome, na redistribuição de renda, na promoção da escolarização, na ampliação do número de vagas e interiorização da educação profissional e superior, na geração de empregos, no reconhecimento da dignidade e dos direitos de mulheres, negros, indígenas e inclusive de homossexuais, e também na ampliação do mercado externo e do peso político do Brasil nas decisões internacionais. Esses programas e ações certamente não foram perfeitos, mas, foram capazes promover uma queda sem precedentes, de 43%, nos índices de pobreza no Brasil (o que é reconhecido por todos as instituiçõe s de pesquisa e organismos internacionais). A renda média mensal do trabalhador brasileiro (a qual não depende dos programas de transferência de renda) declinou cerca de 18% no governo FHC e cresceu cerca de 20% no governo Lula (chegando a crescer 7,3% ao ano no Nordeste entre 2003 e 2008). Diante de tudo o que foi exposto, apesar de algumas críticas e frustrações, continuo me identificando fortemente com a perspectiva política de Dilma, de Lula e do PT. Votei em Dilma no 1º turno, pretendo votar novamente no 2º turno, e peço a todos que levem esses fatos seriamente em consideração antes de decidirem em quem vão votar no próximo dia 31 de outubro.

Com muita Fé e Esperança,

Rev. Dr. Gustavo Gilson Sousa de Oliveira
Pastor da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil
Professor de Sociologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A Triste Marcha Pela Família e Contra o PT

A Triste Marcha Pela Família e Contra o PT

Enquanto acontecia a Marcha para Jesus em Boa Viagem no sábado dia 25 de Setembro, alguns pastores em Jaboatão lideraram uma outra marcha chamada de “Carreata Pró-Família” mas que está sendo mesmo denominda de “Marcha Pela Família e Contra o PT”. Isso me fez lembrar tristemente de uma outra marcha ocorrida em 1964, chamada “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” em que também alguns pastores evangélicos tomaram parte. Aquela marcha foi usada para dar suporte ao golpe militar e o regime de repressão que se instalaria no Brasil naquele ano. Ali mesmo se iniciava a perseguição daqueles que pensavam diferente. Pastores que não se alinhavam com o discurso da direita evangélica foram denunciados por seus colegas de ministério como anticristãos e comunistas. Aqueles que não foram presos, torturados ou assassinados pelo regime militar tiveram a “sorte” de conseguir fugir para outro país, como foi o caso do então pastor presbiteriano Rubem Alves. Ele é um dos exemplos de pastores entregues ao regime por “irmãos” de igreja. Foi então em nome de Deus e em defesa da família que muitos cristãos acolheram, apoiaram e legitimaram o regime opressivo do governo militar.

Agora nós testemunhamos um pouco de repetição histórica com essa Marcha Pela Família e Contra o PT. Depois de terem feito uma campanha massificadora pela Internet e nas igrejas demonizando o PT, a direita conservadora evangélica vai as ruas levando essa mensagem de engano. Eles acusam o PT de querer instalar um regime de “iniquidade” no Brasil pois como alegam é o único partido que “fechou questão” sobre o aborto, a união civil de homossexuais e a legalização do uso de drogas. E que membros e parlamentares do PT que votassem contra essas resoluções seriam expulsos do partido. Nada mais distante da verdade. O Estatuto do PT é claro ao afirmar que o membro do partido poderá “ser dispensado do cumprimento de decisão coletiva, diante de graves objeções de natureza ética, filosófica ou religiosa, ou de foro íntimo” (artigo 13, inciso XV). E os partidos dos principais candidatos a presidência da república também já tomaram decisões semelhantes ao PT em relação a esses temas polêmicos, como o PV da Marina e o PSDB do José Serra.

O que esses líderes tem criado é um verdadeiro clima de histeria coletiva digna de cenas do filme “As Bruxas de Salém”. Eu tenho recebido relatos de evangélicos que estão sofrendo perseguição nas igrejas por causa dessa recente bandeira assumida por esses pastores. Cristãos estão sendo discriminados, demonizados e excluídos do convívio pleno com outros irmãos e irmãs. Outros tem sido ameaçados de maldição se ousarem votar em candidatos do PT. É claro que o PT por ser governo, pode e deve ser questionado, criticado e, se for o caso, reprovado. O que não devemos aceitar é uma campanha de ódio, calúnia e difamação contra um partido feita em nome de Deus e especialmente por parte daqueles que deveriam estar pregando a paz, o amor e a justiça.

Alguns desses pastores são os mesmos que nas eleições de 1989, 2002 e 2006 pregaram o voto contra Lula tentando incutir na mente dos fiéis que Lula iria fechar igrejas, proibir o evangelismo, impedir o culto nas ruas, iria cobrar impostos sobre dízimos e ofertas, entre tantas outras alegações. Essas mesmas acusações são utilizadas agora contra o PT citando de forma distorcida o PNDH. Infelizmente a “Carreata Pró-Família” serve a um propósito de velhos e novos políticos que querem tirar proveito da credulidade do povo evangélico. Então, por trás dessa campanha há um objetivo menos nobre que é o de apresentar candidatos que pretensamente teriam a missão de barrar o avanço da “iniquidade” no país. Iniquidade, como mostra o profeta Isaías (cap. 58), é mentira, pobreza, desigualdade social, violência e opressão. Mas infelizmente esses temas não parecem fazer parte dos discursos e pregações desses líderes cristãos.

Joabe G Cavalcanti é teólogo e sacerdote anglicano.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A Globo Manipula Novamente!

Um fato, duas versoes distintas. Veja como a Globo tenta manipular eu e voce:



terça-feira, 5 de outubro de 2010

CONFISSÃO DE UM PASTOR EVANGÉLICO SOBRE AS ELEIÇÕES 2010

ELEIÇÕES 2010 E OS APROVEITADORES DA BOA FÉ E DA CREDULIDADE EVANGÉLICA

Rev. Sandro Amadeu Cerveira (02/10/10)

Talvez eu tenha falhado como pastor nestas eleições. Digo isso porque estou com a impressão de ter feito pouco para desconstruir ou no pelo menos problematizar a onda de boataria e os posicionamentos “ungidos” de alguns caciques evangélicos. [1]

Talvez o mais grotesco tenham sido os emails e “vídeos” afirmando que votar em Dilma e no PT seria o mesmo que apoiar uma conspiração que mataria Dilma (por meios sobrenaturais) assim que fosse eleita e logo a seguir implantaria no Brasil uma ditadura comunista-luciferiana pelas mãos do filho de Michel Temer. Em outras o próprio Temer seria o satanista mor. Confesso que não respondi publicamente esse tipo de mensagem por acreditar que tamanha absurdo seria rejeitada pelo bom senso de meus irmãos evangélicos. Para além da “viagem” do conteúdo a absoluta falta de fontes e provas para estas “notícias” deveria ter levado (acreditei) as pessoas de boa fé a pelo menos desconfiar destas graves acusações infundadas. [2]

A candidata Marina Silva, uma evangélica da Assembléia de Deus, até onde se sabe sem qualquer mancha em sua biografia, também não saiu ilesa. Várias denominações evangélicas antes fervorosas defensoras de um “candidato evangélico” a presidência da república simplesmente ignoraram esta assembleiana de longa data.

Como se não bastasse, Marina foi também acusada pelo pastor Silas Malafaia de ser “dissimulada”, “pior do que o ímpio” e defender, (segundo ele), um plebiscito sobre o aborto. Surpreende como um líder da inteligência de Malafaia declare seu apoio a Marina em um dia, mude de voto três dias depois e à apenas 6 dias das eleições desconheça as proposições de sua irmã na fé.

De fato Marina Silva afirmou (desde cedo na campanha, diga-se de passagem) que “casos de alta complexidade cultural, moral, social e espiritual como esses, (aborto e maconha) deveriam ser debatidos pela sociedade na forma de plebiscito” [3], mas de fato não disse que uma vez eleita ela convocaria esse plebiscito.

O mais surpreendentemente, porém foi o absoluto silêncio quanto ao candidato José Serra. O candidato tucano foi curiosamente poupado. Somente a campanha adversária lembrou que foi ele, Serra a trazer o aborto para dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) [4]. Enquanto ministro da saúde o candidato do PSDB assinou em 1998 a norma técnica do SUS ordenando regras para fazer abortos previstos em lei, até o 5º mês de gravidez [5]. Fiquei intrigado que nenhum colega pastor absolutamente contra o aborto tenha se dignado a me avisar desta “barbaridade”.

Também foi de estranhar que nenhum pastor preocupado com a legalização das drogas tenha disparado uma enxurrada de-mails alertando os evangélicos de que o presidente de honra do PSDB, e ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso defenda a descriminalização da posse de maconha para o consumo pessoal [6].

Por fim nem Malafaia, nem os boateiros de plantão tiveram interesse em dar visibilidade a noticia veiculada pelo jornal a Folha de São Paulo (Edição eletrônica de 21/06/10) nos alertando para o fato de que “O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, afirmou nesta segunda-feira ser a favor da união civil e da adoção de crianças por casais homossexuais.” [7]

Depois de tudo isso é razoável desconfiar que o problema não esteja realmente na posição que os candidatos tenham sobre o aborto, união civil e adoção de crianças por homossexuais ou ainda a descriminalização da maconha. Se o problema fosse realmente o comprometimento dos candidatos e seus partidos com as questões acima os líderes evangélicos que abominam estas propostas não teriam alternativa.

A única postura coerente seria então pregar o voto nulo, branco ou ainda a ausência justificada. Se tivessem realmente a coragem que aparentam em suas bravatas televisivas deveriam convocar um boicote às eleições. Um gigantesco protesto a-partidário denunciando o fato de que nenhum dos candidatos com chances de ser eleitos tenha realmente se comprometido de forma clara e inequívoca com os valores evangélicos. Fazer uma denuncia seletiva de quem esta comprometido com a “iniqüidade” é, no mínimo, desonesto.

Falar mal de candidato A e beneficiar B por tabela (sendo que B está igualmente comprometido com os mesmo “problemas”) é muito fácil. Difícil é se arriscar num ato conseqüente de desobediência civil como fez Luther King quando entendeu que as leis de seu país eram iníquas.

Termino dizendo que não deixarei de votar nestas eleições.

Não o farei por ter alguma esperança de que o Estado brasileiro transforme nossos costumes e percepções morais em lei criminalizando o que consideramos pecado. Aliás tenho verdadeiro pavor de abrir esse precedente.

Não o farei porque acredite que a pessoa em quem votarei seja católica, cristã ou evangélica e isso vá “abençoar” o Brasil. Sei, como lembrou o apóstolo Paulo, que se agisse assim teria de sair do mundo.

Votarei consciente de que os temas aqui mencionados (união civil de pessoas do mesmo sexo, descriminalização do aborto, descriminalização de algumas drogas entre outras polêmicas) não serão resolvidos pelo presidente ou presidenta da república. Como qualquer pessoa informada sobre o tema, sei que assuntos assim devem ser discutidos pela sociedade civil, pelo legislativo e eventualmente pelo judiciário (como foi o caso da lei de biossegurança) [8] com serenidade e racionalidade.

Votarei na pessoa que acredito representa o melhor projeto político para o Brasil levando em conta outras questões (aparentemente esquecidas pelos lideres evangélicos presentes na mídia) tais como distribuição de renda, justiça social, direitos humanos, tratamento digno para os profissionais da educação, entre outros temas. (Ver Mateus 25: 31-46) Estas questões até podem não interessar aos líderes evangélicos e cristãos em geral que já ascenderam à classe média alta, mas certamente tem toda a relevância para nossos irmãos mais pobres.

______________________

NOTAS

[1] As afirmações que faço ao longo deste texto estão baseadas em informações públicas e amplamente divulgadas pelos meios de comunicação. Apresento os links dos jornais e documentos utilizados para verificação.

[2] http://www.hospitaldalma.com/2010/07/o-cristao-verdadeiro-nao-deve-votar-na.html

[3]http://ultimosegundo.ig.com.br/eleicoes/marina+rebate+declaracoes+de+pastor+evangelico+silas+malafaia/n1237789584105.html
Ver também http://www1.folha.uol.com.br/poder/805644-lider-evangelico-ataca-marina-e-anuncia-apoio-a-serra.shtml

[4]http://blogdadilma.blog.br/2010/09/serra-e-o-unico-candidato-que-ja-assinou-ordens-para-fazer-abortos-quando-ministro-da-saude-2.html

[5] http://www.cfemea.org.br/pdf/normatecnicams.pdf

[6] http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=856843&tit=FHC-e-intelectuais-pedem-legalizacao-da-maconha

[7] http://www1.folha.uol.com.br/poder/754484-serra-se-diz-a-favor-da-uniao-civil-e-da-adocao-de-criancas-por-gays.shtml

[8] http://www.eclesia.com.br/revistadet1.asp?cod_artigos=206

Fonte: Segunda Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte (www.segundaigreja.org.br)

Se é pra falar de Aborto nesta eleição...

Querid@s internautas,
Eu nao acho que a discussao sobre o aborto deveria definir uma eleicao, mas como o tema tornou-se de muita importancia no meio cristao, Catolico e Evangelico, e algumas pessoas tem maliciosamente usado isso para confundir os incautos, entao precisamos colocar os pontos nos "is".
Eu reproduzo aqui materia que diferentemente daqueles textos apocrifos que circularam na internet caluniando a Dilma, e' verdadeira e traz apresenta as fontes. Aqui e' assim, a gente mata a cobra e mostra o pau e a cobra morta. JGC

Serra é o único candidato que já assinou medidas para fazer ABORTOS no SUS, quando ministro da saúde

Para o eleitor votar consciente e não ser enganado, a primeira verdade que precisa saber é:

O único candidato a presidente nestas eleições que já assinou medidas para fazer abortos foi José Serra (PSDB), quando foi Ministro da Saúde, em 1998.

Ele assinou norma técnica para o SUS (Sistema Único de Saúde), ordenando regras para fazer abortos previstos em lei, até o 5º mês de gravidez.

A íntegra da norma pode ser lida aqui: http://www.cfemea.org.br/pdf/normatecnicams.pdf

Certamente as pessoas que são favoráveis à descriminalização do aborto aplaudem de pé essa atitude de Serra, quando foi Ministro, ao aparelhar o SUS para fazer abortos previstos em lei.

E certamente, Serra jamais pode receber o voto de quem milita incondicionalmente contra qualquer prática relacionada ao aborto.

Senadora do PSDB, suplente de FHC, apresentou projeto legalizando o aborto, desde 1993

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), partidário de José Serra, foi eleito senador em 1986.

Em dezembro de 1992 saiu do senado, no meio do mandato, para ser ministro das Relações Exteriores e depois da Fazenda, no governo Itamar Franco.

Assumiu sua suplente Eva Blay (PSDB).

No dia 23 de junho de 1993, ela apresentou o Projeto de Lei no Senado n° 78/1993, revogando todos os artigos do Código Penal que criminalizam e penalizam a prática do aborto.

PNDH II, assinado por FHC previa ampliação dos casos de aborto legal

O Plano Nacional dos Direitos Humanos II, feito em 2002, no governo Fernando Henrique Cardoso, (íntegra aqui), na página 16, defende a ampliação da legalização do aborto:

179. Apoiar a alteração dos dispositivos do Código Penal referentes ao estupro, atentado violento ao pudor, posse sexual mediante fraude, atentado ao pudor mediante fraude e o alargamento dos permissivos para a prática do aborto legal, em conformidade com os compromissos assumidos pelo Estado brasileiro no marco da Plataforma de Ação de Pequim.

Mônica Serra deveria se queixar do marido “ser a favor de matar as criancinhas”

A mulher de Serra andou falando bobagens dizendo que “Dilma seria a favor de matar as criancinhas”. A dondoca deveria olhar para o próprio umbigo, porque o marido dela, José Serra, foi o único dos candidatos à presidente que assinou e ordenou regras para o SUS fazer ABORTOS.

Como rebater boatos falsos para exploração eleitoreira:

Agora, quando alguém receber algum e-mail demonizando Dilma, respondam essa VERDADE sobre Serra, enviando esta nota de volta.

Quando ouvir alguém de boa-fé pregando contra Dilma e Lula, mostrem ou imprimam esta nota, esclarecendo quem é José Serra e quem é o PSDB. Questionem, exijam a verdade.

Ao contrário do governo elitista do PSDB, de FHC, o governo Lula sempre manteve diálogo franco e aberto com as entidades religiosas, assim como outras entidades da sociedade civil, reconhecendo seu importante papel como ente social na construção da nação, buscando mediar conflitos e polêmicas, em busca de consensos que representem de fato a vontade e o pensamento do povo brasileiro.

Todos os partidos tem gente a favor e gente contra

A verdade é que todos os candidatos a presidente (Dilma, Marina, Serra e Plínio) tem posições semelhantes sobre o assunto: são pessoalmente contra o aborto, são pessoalmente a favor da vida, já se declararam a favor do estado laico, não mexerão nas leis atuais sobre o aborto, porque é assunto que pertence à sociedade e só o Congresso Nacional poderia mudar, se tivesse apoio popular. Nunca foi e não é um assunto para nenhum presidente da República decidir sozinho.

Posições contrárias e favoráveis à descriminalização do aborto existem dentro de todos os partidos, como mostramos acima no caso do PSDB, e há também entre os aliados de Marina Silva (Fernando Gabeira e Eduardo Jorge do PV, sempre militaram pela legalização do aborto).

Para o eleitor votar consciente e não ser enganado, a primeira verdade que precisa saber é:

O único candidato a presidente nestas eleições que já assinou medidas para fazer abortos foi José Serra (PSDB), quando foi Ministro da Saúde, em 1998.

Ele assinou norma técnica para o SUS (Sistema Único de Saúde), ordenando regras para fazer abortos previstos em lei, até o 5º mês de gravidez.

A íntegra da norma pode ser lida aqui: http://www.cfemea.org.br/pdf/normatecnicams.pdf

Certamente as pessoas que são favoráveis à descriminalização do aborto aplaudem de pé essa atitude de Serra, quando foi Ministro, ao aparelhar o SUS para fazer abortos previstos em lei.

E certamente, Serra jamais pode receber o voto de quem milita incondicionalmente contra qualquer prática relacionada ao aborto.

Senadora do PSDB, suplente de FHC, apresentou projeto legalizando o aborto, desde 1993

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), partidário de José Serra, foi eleito senador em 1986.

Em dezembro de 1992 saiu do senado, no meio do mandato, para ser ministro das Relações Exteriores e depois da Fazenda, no governo Itamar Franco.

Assumiu sua suplente Eva Blay (PSDB).

No dia 23 de junho de 1993, ela apresentou o Projeto de Lei no Senado n° 78/1993, revogando todos os artigos do Código Penal que criminalizam e penalizam a prática do aborto.

PNDH II, assinado por FHC previa ampliação dos casos de aborto legal

O Plano Nacional dos Direitos Humanos II, feito em 2002, no governo Fernando Henrique Cardoso, (íntegra aqui), na página 16, defende a ampliação da legalização do aborto:

179. Apoiar a alteração dos dispositivos do Código Penal referentes ao estupro, atentado violento ao pudor, posse sexual mediante fraude, atentado ao pudor mediante fraude e o alargamento dos permissivos para a prática do aborto legal, em conformidade com os compromissos assumidos pelo Estado brasileiro no marco da Plataforma de Ação de Pequim.

Mônica Serra deveria se queixar do marido “ser a favor de matar as criancinhas”

A mulher de Serra andou falando bobagens dizendo que “Dilma seria a favor de matar as criancinhas”. A dondoca deveria olhar para o próprio umbigo, porque o marido dela, José Serra, foi o único dos candidatos à presidente que assinou e ordenou regras para o SUS fazer ABORTOS.

Como rebater boatos falsos para exploração eleitoreira:

Agora, quando alguém receber algum e-mail demonizando Dilma, respondam essa VERDADE sobre Serra, enviando esta nota de volta.

Quando ouvir alguém de boa-fé pregando contra Dilma e Lula, mostrem ou imprimam esta nota, esclarecendo quem é José Serra e quem é o PSDB. Questionem, exijam a verdade.

Ao contrário do governo elitista do PSDB, de FHC, o governo Lula sempre manteve diálogo franco e aberto com as entidades religiosas, assim como outras entidades da sociedade civil, reconhecendo seu importante papel como ente social na construção da nação, buscando mediar conflitos e polêmicas, em busca de consensos que representem de fato a vontade e o pensamento do povo brasileiro.

Todos os partidos tem gente a favor e gente contra

A verdade é que todos os candidatos a presidente (Dilma, Marina, Serra e Plínio) tem posições semelhantes sobre o assunto: são pessoalmente contra o aborto, são pessoalmente a favor da vida, já se declararam a favor do estado laico, não mexerão nas leis atuais sobre o aborto, porque é assunto que pertence à sociedade e só o Congresso Nacional poderia mudar, se tivesse apoio popular. Nunca foi e não é um assunto para nenhum presidente da República decidir sozinho.

Posições contrárias e favoráveis à descriminalização do aborto existem dentro de todos os partidos, como mostramos acima no caso do PSDB, e há também entre os aliados de Marina Silva (Fernando Gabeira e Eduardo Jorge do PV, sempre militaram pela legalização do aborto).

http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/